MERCADO

Dólar fecha a segunda (21/12) cotado a R$ 5,12; Ibovespa cai 1,88%

Notícia de nova cepa do coronavírus causa instabilidade no mercado e insegurança para investidores. Cenário estava positivo com início de vacinação no exterior, mas nova variação do vírus voltou a causar pessimismo

Uma nova variante do coronavírus identificada no Reino Unido provocou cautela nos investidores, levando o dólar a operar em alta nesta segunda-feira (21/12), a R$ 5,12. A Inglaterra já adotou restrições mais severas de isolamento e há preocupações sobre a recuperação do crescimento econômico. Enquanto o dólar sobe, o Ibovespa fechou em queda de 1,88%, com 115.645 pontos.

No sábado (19), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a nova cepa do coronavírus pode ser até 70% mais transmissível, segundo a primeira análise dos cientistas. Apesar disso, pesquisadores acreditam que mesmo com maior transmissão a nova variação não deve ser mais letal.

Nos últimos dias a Bolsa brasileira operava com otimismo devido às notícias de vacinação nos Estados Unidos e ao acordo de pacotes de estímulos econômicos no país.

Com as novas notícias de mutação do vírus, também, o preço do petróleo foi afetado no exterior e caiu mais de 4%, influenciado, inclusive, pelas restrições adotadas na Europa, que apontam para uma recuperação mais lenta na demanda por combustíveis.

O dólar fechou em alta de 0,80%, cotado a R$ 5,1223. Ao longo do dia, a moeda chegou a atingir R$ 5,22, mas caiu ao longo da sessão. Para tentar segurar o preço da moeda americana, o Banco Central (BC) vendeu nesta segunda a oferta total de 16.000 contratos de swap cambial, equivalente a US$ 800 milhões. Com a venda de swaps, o BC diminui pressões de compra de dólares no mercado futuro.

Cenário global

Segundo Régis Chinchila, analista de Investimentos da Terra Investimentos, o mercado já está “precificando os impactos econômicos de lockdown no Reino Unido. O Ibovespa iniciou o pregão de hoje (segunda-feira) acompanhando o cenário internacional, refletindo notícias do Reino Unido com uma variante do coronavírus”, explica o especialista.

Comunicado do início da tarde feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que informava que o coronavírus já sofreu diversas mutações, contudo, serviu para acalmar a insegurança no mercado. “A OMS disse que até agora não há evidências da velocidade da contaminação e de maior fatalidade. Outro ponto importante é que reforçaram que as vacinas já em produção são eficazes também para a nova cepa da covid-19”, pontua.

Para Chinchila, o comunicado ajudou a diminuir a pressão vendedora ao longo da tarde. “Investidores também refletiram o pacote de estímulos de US$ 900 bilhões nos EUA”, aponta.

Cenário futuro

Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, esclarece que as maiores queda foram nos setores aéreo, de turismo, petróleo e hotéis. “A mutação do coronavírus preocupa o mercado principalmente porque estamos em um período festivo, com muitos encontros familiares. E o Brasil está muito interligado ao mercado internacional”.

No entanto, Bertotti ressalta que a situação atual agora é diferente da vivenciada no início da pandemia. “Já conhecemos mais sobre a doença, já temos vacinas desenvolvidas, algumas com mais de 90% de eficácia, o mundo está mais preparado do que no começo do ano”, ressalta.

Apesar da instabilidade internacional, Bertotti alerta que no primeiro trimestre de 2021 o ambiente doméstico do Brasil será o grande desafio para a economia. “Temos uma dívida PIB (Produto Interno Bruto) alta, a questão fiscal ainda para resolver e o embate político sobre a vacina. Todos esses aspectos irão ter peso no começo do próximo ano. Além disso, os países que conseguirem conduzir um plano de vacinação mais rápido, também serão aqueles que terão uma retomada na economia mais rápida”, conclui.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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