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Previsão de melhora no setor agrícola

“Economia dependente do dólar e alto índice de insumos importados são motivos que fizeram com que alimentos sofressem com altos preços”, diz Joe Valle, empresário da rede de mercados Malunga, a maior de orgânicos do país. Ele explica que a junção de aumento do dólar mais o aumento de custo de produção pressionou os valores dos alimentos, além da falta de algumas matérias-primas e equipamentos de irrigação que contribuíram para a subida.

Previsão de melhora, destaca Valle, é a partir de janeiro, devido ao período de colheitas que ocorre entre o começo do ano até junho. “Isso certamente vai reabastecer os estoques, pois estamos agora no período de chuvas, ou seja, a entressafra, e os produtos de origem animal, como leite, queijo, carne e ovos estão pressionados porque os insumos básicos que são os farelos, assim como o farelo de soja, estão com um preço elevado devido a esse período entre colheitas”, pontua.

Em entrevista, ontem, ao CB.Agro — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, Valle cita, também, a alta demanda da China, que antecipou as compras de 2021 e, agora, adianta as compras de 2022. “Para atender toda essa demanda, precisamos aumentar nossa produtividade em escala para baixar o custo dos alimentos, e isso os produtores já estão buscando, com alta tecnologia e modificação de suas matrizes tecnológicas, para obterem maior sustentabilidade no processo”.

Valle revela que há certo risco de uma baixa produção no Centro-Oeste devido à estiagem na região. “Contudo, como temos um país continental, uma região sempre consegue suprir a outra nesses casos. Importante ressaltar outra característica que costuma causar aumento de preços nesse período do ano: a maior parte das frutas, legumes e verduras, durante o período das chuvas, possui maior dificuldade de produção. Quase todas as verduras que conhecemos, por exemplo, não são de origem tropical, e isso significa que elas não gostam muito de calor, umidade ou chuva”, pontua.

O empresário ressalta que o agro é uma atividade essencial para o Brasil. “É nossa vocação, não dá para negar. E, claro, temos condições de aumentar a produtividade sem aumentar a quantidade de área para plantio, ou seja, sem precisar desmatar ou ocupar outras regiões, isso é alcançado por meio de tecnologia”, explica.

Paradigma
Valle diz que existe um paradigma a respeito dos valores de produtos orgânicos. “Muitas vezes as pessoas nem acessam à prateleira de orgânicos porque já dizem que será mais caro. E, realmente, devido à oferta e demanda e ao custo de produção sem certeza de resultados, geralmente, esses produtos possuem um valor mais alto”.

Contudo, Valle defende que o consumo de produtos orgânicos tem uma questão de causa e efeito. Ao comprar esses alimentos, destaca, o consumidor ajuda às famílias produtoras a continuarem sua vida no campo. “Além disso, o orgânico deixou de ser uma novidade e se tornou uma tendência, as pessoas querem comer melhor, e alimentos que causem menos danos ao meio ambiente”.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro