Guedes promete 'economia verde'

Na contramão da agenda ambiental do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que a economia global está cada vez mais verde, além de digitalizada, ao convidar investidores estrangeiros a apostarem no Brasil, mas não detalhou medidas do governo para uma economia mais sustentável.

“Sabemos que o futuro é verde e sabemos que o mundo é digital. Estamos abertos para investimentos estrangeiros e estamos recuperando a nossa dinâmica de crescimento interna. E permanecemos como uma das maiores e mais prósperas fronteiras de investimento para a próxima década”, afirmou Guedes, em um pronunciamento, de pouco mais de 20 minutos, gravado para uma conferência do The International Economic Forum of The Americas (Iefa), em Montreal, no Canadá. “Espero que invistam no Brasil”, afirmou.

Ainda ontem, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cobrou o combate do desmatamento ilegal na Amazônia, ao divulgar relatório sobre a economia brasileira. O documento diz que “o desmatamento é uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa e voltou a subir recentemente”. Por isso, pede o cumprimento das leis e proteções que já se mostraram capazes de reduzir o desmatamento, além de reforço da fiscalização.

Na ocasião, Guedes disse que “o Brasil entende a importância da dimensão ambiental para tornar o crescimento econômico mais sustentável”. Ele voltou a dizer que “a agropecuária brasileira não precisa derrubar uma árvore para aumentar a produtividade”, mas reconheceu que o país tem que “erradicar a mineração ilegal, a derrubada de florestas ilegal e o desmatamento ilegal”. E afirmou que “os recursos naturais valem mais preservados do que destruídos”, pois representam uma riqueza do país e também serão a fonte da bioeconomia, a nova dimensão econômica mundial.

O ministro, entretanto, não citou medidas de proteção ambiental do governo e, como exemplo de digitalização, mencionou apenas a operação de distribuição do auxílio emergencial por meio de conta poupança digital da Caixa, que registrou 100 milhões de usuários desse serviços, tornando-se o "maior banco digital do mundo". Segundo ele, o Brasil está se preparando para se tornar uma economia aberta. “Estamos nos preparando para o futuro digital”, garantiu.

Despreparo
Contudo, um relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado nesta quarta-feira, curiosamente, revela que o Brasil é um dos países pouco preparados para uma transformação econômica nos próximos cinco anos que implique melhora nos serviços públicos, investimentos verdes e digitalização.

Brasil, Grécia e México figuram como os três piores em termos de confiança no governo e índice de corrupção, segundo a pesquisa feita junto a executivos de grandes multinacionais. (Com Marina Barbosa)