Setor que mantém 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos e gerou exportações de US$ 3,6 bilhões em 2019, a chamada base industrial de defesa (BID) colaborou ativamente no combate à pandemia. “Foi feito um processo de reconversão produtiva. Empresas que produziam, por exemplo, artefatos de artilharia, passaram a produzir equipamentos de proteção individual, como protetores faciais e também a manutenção de respiradores”, explicou o Secretário de Produtos de Defesa (Seprod) do Ministério da Defesa, Marcos Degaut.
O secretário foi entrevistado ontem no programa CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. “A economia da defesa diz respeito à intervenção da base industrial de defesa no domínio econômico, não apenas para prover ao Ministério da Defesa ou às Forças Armadas recursos para garantir a nossa integridade territorial, mas também para gerar emprego, renda, exportações e atrair investimentos”, declarou.
Segundo Degaut, o setor tem efeito multiplicador de 9,8. “Isso significa que, para cada real investido, temos R$ 9,8 de retorno, porque trabalhamos com bens de altíssimo valor agregado, e isso se transforma em benefícios para a sociedade, que consegue produtos mais avançados tecnologicamente.”
Como exemplo de bens desenvolvidos no setor de defesa que resultaram em ganhos para a sociedade civil, o secretário citou o GPS, a internet, aparelhos de ressonância, a diversificação da indústria têxtil, itens de alimentação e sistemas de controle de tráfego aéreo. “As balinhas M&M e as barrinhas de cereais também são exemplo disso. E o Brasil tem hoje um sistema de controle de tráfego aéreo que é referência no mundo, e que apenas cinco países, contando conosco, possuem”, destacou.
Degaut lembrou que o Ministério de Defesa, no início da pandemia, montou uma plataforma para mobilizar as empresas nacionais a oferecer produtos para atender as demandas do país e o Brasil não ficar refém das importações. “No começo, tínhamos quatro empresas que produziam respiradores, por exemplo, mas, hoje, 15 empresas produzem e até mesmo exportam esse equipamento”, contou.
Por meio da plataforma, o empresário pode acessar o site do Ministério da Defesa e cadastrar sua empresa, o produto que oferece, a quantidade e os preços. “Com base nisso os órgãos compradores podem fazer uma pesquisa para obter o que precisam. Temos mais de 600 empresas cadastradas com mais de mil produtos ofertados.”
O secretário disse que está otimista para 2021 e 2022. “Já temos projetos em andamento, com US$ 4,5 bilhões em acordos e a expectativa de conseguirmos mais de US$ 3 bilhões adicionais”, afirmou. O secretário ressaltou ainda a importância do investimento maciço no setor. “Infelizmente, houve uma tendência em governos passados em colocar a defesa em segundo plano. Mas não se pode negligenciar a necessidade de termos Forças Armadas devidamente equipadas para cumprir as suas missões constitucionais e, claro, que tenham capacidade de preparo e prontidão”, argumentou.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo