O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, ontem, que o governo pode se valer de medidas como a antecipação de benefícios e o diferimento de impostos para calibrar a passagem do fim do auxílio emergencial para o Bolsa Família. Foi o que adiantou na audiência pública que acompanha o enfrentamento à covid-19, no Congresso.
“Não descartamos, ainda, ferramentas que temos dentro do teto que, inclusive, usamos antes da PEC de Guerra. Temos capacidade de antecipar benefícios, diferir arrecadações. Temos várias ferramentas que vão permitir calibrar a aterrissagem lá na frente”, salientou.
Antes mesmo de o Orçamento de Guerra permitir a ampliação dos gastos públicos na pandemia, o governo federal anunciou a antecipação de recursos de programas como o auxílio-doença, o Benefício de Prestação Continuada e o 13º salário de aposentados e pensionistas para ajudar a população de baixa renda na pandemia. O governo também decidiu adiar o pagamento de impostos, como as contribuições patronais e previdenciárias, para dar um fôlego financeiro aos empresários.
Guedes reforçou que vê a economia “voltando em V e criando empregos”, recuperando-se da crise econômica causada pela covid-19, o que reduz a necessidade do auxílio emergencial. “Aterrissa de novo no Bolsa Família, no caso de quem já tinha assistência social, e aterrissa no emprego informal dos invisíveis, que vão voltando à atividade”, comentou.
O ministro admitiu, ainda, que o debate sobre a criação de um novo programa social foi adiado neste fim de ano, mas não foi descartado. A ideia do governo é retomar a discussão sobre o Renda Brasil ou Renda Cidadã quando as coisas estiverem mais “tranquilas”.
“Acabou o período da pandemia, então, pronto!, acabou o auxílio emergencial, que é uma ferramenta transitória para o enfrentamento da pandemia. E vamos retomar o assunto da renda, mas sem confundir com o auxílio emergencial”, salientou.
“Acabou o período da pandemia, então, pronto!, acabou o auxílio emergencial, que é uma ferramenta transitória. E vamos retomar o assunto da renda, mas sem confundir com o auxílio”
Paulo Guedes, ministro da Economia
Mercado tem dia de pausa no otimismo
Após uma semana de otimismo no mercado internacional, o Ibovespa pisou no freio, ontem, e fechou o último pregão da semana em estabilidade, aos 115.101 pontos. O dólar continua flertando com um patamar abaixo dos R$ 5. A moeda teve leve alta de 0,16%, vendida a R$ 5,04. A pausa no otimismo se deu após notícias desanimadoras vindas da Europa e Estados Unidos. No Reino Unido, a novela do Brexit está longe de acabar. Um acordo político e comercial pela saída dos britânicos da União Europeia pode estar fora de questão. Nos EUA, a expectativa por um pacote de estímulo à economia permanece, mas perde força. Isso porque há um impasse entre republicanos e democratas. O assunto só deve ser resolvido quando o presidente eleito Joe Biden assumir a Casa Branca, em janeiro. No cenário doméstico, as preocupações com os rumos fiscais ganharam força após o relator da Proposta de Emenda à Constituição 186/19 (PEC Emergencial), senador Marcio Bittar (MDB-AC), anunciar que só apresentará seu texto em 2021.