Um programa de vacinação em massa contra a covid-19 deve custar cerca de R$ 20 bilhões no Brasil, segundo os cálculos do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Se formos partir para uma campanha de vacinação em massa, devem ser mais ou menos uns R$ 20 bilhões", comentou, nesta sexta-feira (11/12), durante audiência pública da comissão que acompanha o programa federal de enfrentamento à covid-19 no Congresso Nacional.
Guedes explicou que os R$ 20 bilhões levam em conta a compra de 400 milhões de doses — duas para cada um dos 200 milhões de brasileiros —, por US$ 10 cada. "Estamos falando de US$ 4 bilhões. São R$ 20 bilhões", calculou o ministro, considerando um câmbio de R$ 5.
O presidente Jair Bolsonaro já tinha informado, antes, que não vai faltar dinheiro para a vacina contra a covid-19, pois os ministérios da Saúde e da Economia estão andando de "mãos dadas pela vida".
"Em havendo certificação da Anvisa (orientações científicas e preceitos legais) o governo brasileiro ofertará a vacina a toda a população de forma gratuita e não obrigatória. Segundo o Ministério da Economia não faltarão recursos para que todos sejam atendidos", escreveu Bolsonaro nas redes sociais na segunda-feira (7/12), após ser pressionado a apresentar um plano nacional de imunização contra a covid-19.
Ainda nesta sexta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que o governo federal vai requisitar e distribuir entre os estados brasileiros "toda e qualquer vacina registrada, produzida ou importada no País". Uma medida provisória deve ser publicada para esclarecer a "centralização e distribuição igualitária das vacinas", segundo Caiado.
Custo
Guedes, por sua vez, destacou que o custo da vacinação é bem inferior aos gastos realizados de forma emergencial neste ano para combater à covid-19. Segundo Guedes, o governo brasileiro já gastou R$ 599,5 bilhões no enfrentamento à pandemia.
"O choque inicial, que foi o distanciamento social, foi um impacto tremendo a economia. E nós empurramos esses recursos em várias direções", comentou o ministro da Economia no Congresso. Ele lembrou que mais da metade desses R$ 599,5 bilhões custeou os pagamentos do auxílio e o restante foi distribuído em programas como o benefício emergencial de manutenção do emprego, o programa de auxílio federativo aos estados e os programas emergenciais de crédito.
Segundo Guedes, esse gasto emergencial representa cerca de 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, vai levar o deficit primário para cerca de 12% do PIB em 2020. O ministro voltou a ressaltar ainda que o governo está alinhado ao teto de gastos para começar a reduzir esse rombo fiscal já a partir de 2021.
Orçamento de Guerra
Defensor da retomada do ajuste fiscal em 2021, Guedes indicou ainda que esse custo de R$ 20 bilhões poderia ser incluído ainda no Orçamento de Guerra deste ano, que já contabiliza R$ 599,5 bilhões de gastos emergenciais. "Se em vez de R$ 600 bilhões forem R$ 620 bilhões para que todos os brasileiros tenham essa aspiração atendida, é algo que tem que estar na nossa pauta e está", declarou.
O ministro contou que tem se reunido com outros integrantes do governo para tratar desse plano de imunização. "Sabemos que isso é importante e que vamos ter que agir nessa dimensão. Há responsabilidades que não podem não ser assumidas", explicou. Guedes ainda disse que, nesta discussão, é preciso superar quaisquer divergências. Ele garantiu, então, que "se existe vacina, temos que buscar, onde estiver. E não vai ser por falta de recursos que vamos deixar de cumprir essa obrigação nossa".
O chefe da equipe econômica explicou que a vacina "é um sonho, uma aspiração do brasileiro e um direito". E avaliou que a imunização é algo que pode contribuir com a retomada econômica sustentável da econômica, já que setores como os de serviços dependem do contato físico para retomar o patamar pré-pandemia. "A economia exige saúde da população e vice-versa. A saúde exige a economia funcionando", comentou.