Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou que, desde o início da quarentena, houve um aumento de 60% em tentativas de golpes financeiros contra idosos. Por isso, a entidade criou regras específicas para esse público, que muitas vezes é vítima de parentes e até de gerentes que empurram uma série de produtos inadequados ao perfil desses consumidores. As novas normas entram em vigor em 2021. “Esse modelo vem sendo desenvolvido desde 2008 e é um compromisso voluntário das instituições financeiras”, afirmou Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban.
Na prática, segundo Oliva, a conscientização sobre possíveis fraudes contra clientes idosos terá várias frentes. Para o público externo, o principal foco é o alerta para que não caia facilmente em golpes. E para os funcionários, será feito um esquema de treinamento para que entendam como se relacionar com os mais velhos e com pessoas de pouco conhecimento de internet e redes sociais. O diretor da Febraban não explicou exatamente qual será a estratégia para resolver o dilema de profissionais que são pressionados pelos bancos para vender vários produtos e bater metas em meio à nova tendência determinada pelo Conselho de Autorregulação. “Já existem normativos que determinam a adequação do perfil do cliente”, explicou.
A quantidade de pessoas expostas à ação dos fraudadores é grande. Segundo informações do Banco Central (BC), em 31 de outubro deste ano, 177.430.369 de pessoas físicas (CPFs) mantinham relacionamento ativo com bancos. O BC, que é o órgão regulador do mercado financeiro, não tem estudo específico para os idosos, mas divulgou alertas para o público em geral sobre possíveis golpes. Há também recomendações em relação aos empréstimos consignados.
Conselho
A iniciativa do Conselho de Autorregulação da Febraban foi apoiada por vários consumidores. Uma técnica do governo contou que, mesmo sabendo que ela era servidora pública, com formação em contabilidade, um funcionário do banco convenceu o seu avô a fazer um plano de aposentadoria, com retorno em 20 anos. “Ele tem, agora, 85 anos, e paga esse plano há cinco. Ou seja, desde os 80 anos. E continuaria assim se não descobríssemos quando ele ficou doente, no início de março. Um absurdo”, reforçou.
Além da dissimulação de bancários mal-intencionados, há vários golpes financeiros contra idosos. Um crime famoso, citado pela Febraban, é o do falso motoboy. Esse, especificamente, teve aumento de 65% durante o isolamento. Os criminosos entram em contato com as vítimas, como se fossem funcionários de algum banco, para comunicar transações suspeitas com o cartão de crédito. Convencem o idoso a revelar dados pessoais e, em seguida, informam que um motoboy será enviado para recolher o cartão, supostamente clonado, para que seja feito o cancelamento de compras irregulares.