Entre as atividades industriais, um dos destaques do terceiro trimestre do ano foi o desempenho da construção civil, com alta de 5,6% em relação aos três meses anteriores, nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, ontem, os dados mais recentes do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esse foi o maior crescimento do setor desde 2014, ressaltou a economista Ieda Vasconcelos, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Mas, no confronto com o mesmo trimestre de 2019, a indústria, no geral, teve queda de 0,9% e a construção recuou 7,9%, corroborada pela queda da ocupação nessa atividade, reforçam as estatísticas do IBGE.
“Olhando pela ótica produtiva, o destaque foi a Indústria de transformação, até pelo fato de ter caído bastante no segundo trimestre (-19,1%), com as restrições de funcionamento. A indústria cresceu 14,8% como um todo, e a de transformação 23,7%, mas voltamos ao patamar do primeiro trimestre”, analisou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Ieda Vasconcelos assinala, por outro lado, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que a indústria da construção civil, no terceiro trimestre, criou 138 mil novas vagas.
Em relação à queda de 7,9%, no confronto com 2019, Ieda lembra que não foi um tombo restrito ao setor. “Todas as atividades sofreram com o impacto das medidas tomadas para o combate à pandemia pelo coronavírus”, explicou a economista. Nesse contexto, a Cbic refez as estimativas para 2020 e, de uma perspectiva inicial de crescimento de 2%, esse ano, passou para uma queda de 2,6% no desempenho do setor. “Agora, diante do resultado do terceiro trimestre, nossa expectativa, para 2021, é de crescimento de 2%”, afirma.
Crédito
O desempenho em 2021 será resultado das contratações do mercado imobiliário que tiveram início em 2019, e também da facilitação de empréstimos pelo mercado financeiro. “O setor está se fortalecendo, mas ainda temos muitos desafios pela frente”, assinala Ieda Vasconcelos.
Na prática, a busca por imóveis vem se consolidando. Hugo Passos, economista, 26 anos, disse que, para ele, foi uma questão de oportunidade. “Eu e minha namorada estávamos pesquisando alguns apartamentos na planta e surgiu um lançamento a três minutos do metrô, em um bairro muito bom. Foi nossa cara, calculamos se iríamos conseguir honrar com os pagamentos da entrada (à construtora). Fez sentido e fechamos o negócio”, contou.
*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo