O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a vacinação contra covid-19 para garantir um crescimento mais forte da economia em 2021. “Estamos otimistas para o ano que entra. Queremos vacinação em massa e retorno seguro ao trabalho”, afirmou Guedes, nesta terça-feira (15/12).
“Precisamos de vacina e vamos fazer a vacinação para a retomada do crescimento”, garantiu Guedes, um dia após o presidente Jair Bolsonaro defender a necessidade de exigência de um termo de responsabilidade de quem quiser ser vacinado.
O ministro participou de evento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Durante sua fala, Guedes disse estar muito otimista em relação ao próximo ano e afirmou que a economia brasileira poderá crescer 4%, em 2021. Ele também defendeu a retomada da agenda de reforma para atrair investimentos privados, após as previsões de queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano serem menos da metade das retrações previstas no início da pandemia de covid-19, quando chegaram a quase 10%.
“O país pode, seguramente, crescer 4% no ano que vem. Estamos otimistas e achamos que vamos enfrentar com a mesma resiliência do ano passado. Estamos preparados para o desafio”, disse. Atualmente, a projeção oficial da equipe econômica, e que consta na atualização do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) enviada ao Congresso, é de um crescimento de 3,2% no PIB de 2021, após a retração de 4,5% neste ano.
Retomada em V
Guedes voltou a afirmar que a atividade econômica apresentou uma recuperação em V da pandemia, apesar de não haver um consenso sobre essa declaração entre economistas do mercado. A maioria alerta que o país ainda deve demorar para recuperar o patamar pré-pandemia. “Batemos o fundo do poço e voltamos em V, em altíssima velocidade. A economia brasileira se recompôs”, disse o ministro, citando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e prometendo que o país vai encerrar 2020, “perdendo zero empregos formais”.
Balanço
Ao fazer um balanço dos dois anos de governo e citar a aprovação da reforma da Previdência no primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro, Guedes reafirmou que o Brasil está surpreendendo o mundo. “Eu quero registrar a satisfação de trabalhar em uma equipe que fez coisas que estavam paradas há anos. Algumas delas há décadas”, disse ele, citando a aprovação da cessão onerosa, o acordo entre a União e os estados da Lei Kandir, e o acordo entre Mercosul e União Europeia.
O ministro citou como “nova fronteira de investimentos” os projetos de infraestrutura, principalmente, no novo marco do gás natural. Segundo ele, haverá queda de 70% no custo dessa energia. “Vamos reindustrializar e adicionar valor”, afirmou ele, prometendo que o custo do gás natural vai cair para um terço, "passando de US$ 12, o milhão de BTU, para US$ 4".
De acordo com o ministro, as críticas ao governo são “barulhos da democracia”. Ele ainda fez questão de afirmar que as eleições municipais confirmaram os avanços das alianças de partidos de centro-direita no país. “Todos os partidos de centro-direita aumentaram seus votos, e os de esquerda perderam”, disse.
Desafios
Guedes reconheceu que o grande desafio em 2021 será prosseguir com as reformas, interrompidas neste ano em meio à pandemia de covid-19: a reforma tributária e a de privatizações, que não teve avanços desde o início do governo. “Esperamos avançar nessas duas agendas que foram deixadas para trás”, afirmou ele, citando duas prioridades: privatizações e reforma tributária.
Nesse sentido, ele ainda garantiu aos empresários do setor supermercadista que o governo pretende realizar a reforma tributária que prometeu em campanha, com simplificação e sem aumento de imposto. “O governo foi eleito para fazer a sua reforma tributária. O governo prometeu simplificar e reduzir impostos. Se houver qualquer aliança de centro-esquerda para uma reforma diferente, essa não será a nossa reforma”, afirmou.
Banco Central
O chefe da equipe econômica citou alguns avanços durante a pandemia, como a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central. Contudo, não deixou de defender a desoneração da folha, que é a moeda de troca para a aprovação do imposto digital, que tem um formato parecido com o da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "Não queremos aumentar imposto. Se tivermos um imposto, é porque sumiram oito do lado de cá. Queremos estimular a competição e digitalizar o setor público".
Ao comentar rapidamente sobre a proposta de reforma administrativa enviada ao Congresso sem incluir os atuais servidores, Guedes voltou a afirmar que o governo já vem repondo 26 de cada 100 servidores e, por conta disso, a previsão de economia em 10 anos poderá chegar a R$ 500 bilhões, "superando os R$ 300 bilhões inicialmente previstos".
Antes da fala do ministro, foi anunciada a eleição de João Galassi como presidente da entidade para o biênio 2021 e 2022. Ao contrário da última apresentação de Guedes em evento da Abras, quando falou mais do que o previsto não deixando os patrocinadores falarem, o ministro precisou aguardar a fala de vários empresários antes de iniciar o discurso quase uma hora e meia após o início do evento.
Marinho elogia Bolsonaro
Logo após Guedes, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, fez uma apresentação curta, em grande parte, elogiando o presidente Bolsonaro, por ser uma pessoa simples, “sem verniz”, que, ao mesmo tempo, reconheceu que houve "uma ressonância do eleitorado" pelas propostas apresentadas pelo governo Michel Temer no documento Ponte para o Futuro.
Marinho criticou editoriais de jornais que não são favoráveis ao chefe do Executivo e, ao defender o presidente, afirmou que ele contagia as pessoas que estão no entorno dele. “Estamos comemorando um feito que há dois anos não tem caso de corrupção”, disse o ministro-chefe do MDR. Curiosamente, o protagonista de vários entreveros com o ministro da Economia não foi aplaudido após a frase, mas, sim, quando elogiou a Abras, afirmando que a associação tem a força de um "elefante amarrado a um pé de coentro".
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