Câmara

Guedes rebate críticas e indica alinhamento com o sucessor de Maia

Ministro disse que pretende avançar nas discussões sobre as privatizações e a CPMF, pautas que considerou interditadas por Maia, "com a ajuda do presidente da Câmara"

Marina Barbosa
postado em 11/12/2020 20:17 / atualizado em 11/12/2020 20:18
 (crédito: Evaristo Sá/CB/D.A Press - 3/4/19)
(crédito: Evaristo Sá/CB/D.A Press - 3/4/19)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu as críticas recebidas ao longo desta semana do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele disse que a agenda econômica não avançou no Congresso por conta das discussões e dos acordos realizados pelos parlamentares. Por isso, cobrou que Maia paute projetos como a autonomia do Banco Central (BC) e indicou que vai contar com a ajuda do próximo presidente da Câmara para destravar as privatizações e a discussão sobre a volta da CPMF.

"Como ele tem feito algumas cobranças públicas, vamos conversar, então, publicamente sobre isso", começou Guedes, nesta sexta-feira (11/12), ao ser questionado sobre a alta da inflação durante uma audiência pública da comissão mista que acompanha o enfrentamento à covid-19 no Congresso Nacional.

O ministro alegou que a autonomia do Banco Central vai ajudar a controlar a recente alta da inflação e lembrou que o projeto está aguardando a avaliação da Câmara dos Deputados. "O Senado já fez sua parte. Agora, o presidente da Câmara, que sempre apoiou isso publicamente, tem que fazer a dele. Estamos esperando o presidente da Câmara pautar o BC independente. Nada obsta isso, tem baixo custo político, não tem nada a ver com a guerra política por presidência disso ou daquilo", cobrou.

O ministro ainda acusou Maia de interditar o debate da reforma tributária, por conta da decisão de não pautar nenhuma proposta de recriação da CPMF, e também o debate das privatizações. Guedes, que já admitiu frustração com o não andamento da agenda de venda de ativos, disse que Maia fez um acordo com a esquerda para não pautar as privatizações.

Ele classificou essa decisão como algo "perigoso para a democracia", alegando que as privatizações constam na proposta de governo de Jair Bolsonaro e devem andar porque "houve 60 milhões de votos por esse plano". "Estou fazendo o que a população pediu para fazer. Aliás, estou tentando fazer porque não consegui fazer ainda... Considero grave, porque estamos em uma democracia, mas alguém que é eleito com um programa não consegue fazer porque o programa não é pautado", criticou.

Guedes, porém, avisou que pretende destravar essa pauta a partir do próximo ano, quando outro parlamentar estará à frente da Câmara. "Há uma interdição nos impostos e uma interdição nas privatizações. São dimensões onde não conseguimos avançar. Mas avançaremos, certamente com a ajuda do presidente da Câmara", alfinetou Guedes, que, seguindo o rumo delineado pelo presidente Jair Bolsonaro, já indicou a aliados apoiar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara.

O chefe da equipe econômica ainda questionou o motivo de a reforma administrativa e a PEC Emergencial não terem sido pautadas pelo Congresso. "Está me cobrando também, disse que vai fazer um bolo de aniversário porque estou há um ano para mandar a PEC. Eu inverto. Está há um ano no Congresso. Eu me pergunto por que não pautou ainda. O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele", devolveu o ministro, já que, nesta semana, Maia disse que faria um bolo de aniversário de um ano para a promessa do governo de apresentar a PEC Emergencial.

PEC Emergencial

O ministro ainda comentou a decisão do senador Marcio Bittar (MDB-AC) de postergar para 2021 a apresentação do relatório da PEC Emergencial, medida considerada fundamental pela equipe econômica e também por Rodrigo Maia como algo essencial para a organização fiscal brasileira. "Ele mesmo falou que a conturbação no Senado está tão grande, essa briga por presidência disso daquilo, que eu prefiro deixar, vou empurrar um pouco mais para a frente, porque prefiro fazer bem feito, do que fazer mal feito e às pressas", contou.

Guedes disse, então, que "é muito fácil disfarçar desentendimento político passando a conta para quem já fez sua parte". Apesar das críticas, o ministro ainda afirmou que não quer ser pretexto para disputa política. Disse que só quer cumprir sua agenda econômica e entende que "quem dita o timing das reformas é a política".

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