Mercado

Ibovespa volta a patamar de 115 mil pontos; dólar despenca perto dos R$ 5

Com valorização das commodities no mercado, ações da Petrobras e Vale puxaram a alta na Bolsa. Dólar segue movimento de desvalorização global e ameaça cair para menos de R$ 5

Israel Medeiros*
postado em 10/12/2020 21:48 / atualizado em 10/12/2020 23:03
 (crédito: Cris Faga/Estadão Conteúdo)
(crédito: Cris Faga/Estadão Conteúdo)

No dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano, a Bolsa disparou e bateu os 115 mil pontos — melhor patamar desde fevereiro, antes do primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil. O índice Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (10/12) com alta de 1,88% aos 115.128 pontos.

A alta foi puxada, principalmente, por ações de commodities — que são o carro-chefe das exportações brasileiras. Os papéis da Petrobras tiveram alta de 3,27%. Já as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) subiram 10,5%, e lideraram as altas do dia; seguidas pela PetroRio, com alta de 6,08%.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, explica que a alta nas ações da Petrobras foram motivadas pelo alto preço do petróleo. O petróleo Brant superou os US$ 50 por barril. "Basicamente, o que a gente tem é uma forte aderência da pressão do petróleo, o que fez com que as ações da Petrobras fossem um vetor de alta nesta quinta-feira. Além disso, tivemos melhora no valor das commodities em âmbito global", detalha.

Ela destaca também que, do lado asiático, houve alta no preço do minério de ferro, que fortaleceu o desempenho da Vale no Ibovespa, com 2,78% de alta. Sobre o resultado na Bolsa, Pasianotto considera relevante o fato de que nas Bolsas europeias houve uma "solidificação" do ambiente de liquidez, com a expectativa do lançamento de novas medidas de estímulos para fortalecer a economia no bloco.

Mercado externo

Nos Estados Unidos, a história foi diferente. "No contrafluxo, os EUA mostravam alguma paralisia após recordes na última semana. Isso porque houve uma alta acima do que era esperado nos pedidos de auxílio-desemprego, enquanto as negociações sobre novos estímulos econômicos estão bastante arrastadas", comenta.

Dólar

Já no câmbio, os números foram mais expressivos. O dólar, que está em uma tendência de depreciação global, caiu expressivos 2,59% hoje e encerrou vendido a R$5,03 — menor nível desde a primeira quinzena de junho deste ano. Analistas do mercado financeiro já vêem a moeda sendo negociada entre R$ 4,50 e R$4,75 nos próximos meses, se o ambiente fiscal se mantiver estável.

Incertezas

Vale lembrar que o fim do auxílio emergencial está marcado para este mês e não há, pelo menos até o momento, nenhuma sinalização oficial de prorrogação. Mas nos bastidores já se fala que o Ministério da Economia pretende aprovar um novo Orçamento de Guerra para 2021, com o objetivo de lidar com os gastos de uma segunda onda de covid-19. Isso, segundo Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, seria "terrível".

"Isso seria terrível. Se isso acontecer, vamos ter pressão na moeda e no prêmio de juros. Na semana passada, o líder do governo falou que não vai haver extensão do auxílio e nem aumento ou criação de impostos. Então, o governo foi bem enfático desde o deslize de falar do teto, em meados de agosto. Quando você volta com o assunto, o mercado começa a fazer pequenos ajustes. Quando isso ganha força, sem dúvidas, a gente vê um declínio dos nossos papéis e ativos", detalha.

Ele também critica a falta de um posicionamento unificado do governo nas questões econômicas. A incerteza gerada por falas conflitantes entre o próprio governo e a equipe econômica, segundo ele, é péssima para o mercado. "Se não houver reformas estruturais sendo debatidas, sem dúvidas, volta o temor fiscal. Então a moeda sobe, o capital sai do país. Tudo aquilo que se afastou em novembro, que foi um mês em que o governo tentou mostrar responsabilidade fiscal, pode voltar e nos levar a um patamar de incertezas parecido com o que tínhamos meses atrás", completou Franchini.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação