Puxado pelo otimismo que toma conta dos mercados internacionais, o Ibovespa voltou ao patamar pré-pandemia nesta sexta-feira (4/12). O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo fechou o pregão aos 113.752 pontos, com uma valorização de 1,3%. Com isso, o dólar caiu a R$ 5,12, no menor valor desde 22 de julho.
O Ibovespa voltou ao patamar pré-pandemia após cinco semanas consecutivas de recuperação. É que a Bolsa teve o melhor mês dos últimos anos em novembro e seguiu em alta nesta primeira semana de dezembro, puxada, sobretudo, pela volta dos investidores estrangeiros. De acordo com a B3, os estrangeiros colocaram R$ 33 bilhões na Bolsa, em novembro; e já trouxeram mais R$ 1,4 bilhão só nos dois primeiros pregões deste mês.
"Antes de novembro, havia uma situação de muito risco com a segunda onda do novo coronavírus na Europa e com as eleições dos Estados Unidos. Também estava havendo muitos ruídos internos, em relação à questão fiscal, o que deixou o investidor receoso. Mas, agora, as eleições americanas passaram e estão vindo muitas notícias positivas sobre as vacinas contra a covid-19. Isso deixou o investidor com mais apetite ao risco", explicou o gerente da Ativa Investimentos, Pedro Serra.
Ele acrescentou que o Brasil recebeu uma enxurrada desse capital gringo porque estava mais barato que em outros países emergentes, mas também porque, nas últimas semanas, as discussões sobre a situação fiscal estão suspensas, o que reduz os ruídos e a volatilidade do mercado. "O Brasil demorou mais a se recuperar que outros países emergentes. Por isso, agora, tem tido destaque", disse. "A desvalorização cambial foi mais violenta no Brasil, o que torna as ações brasileiras bem mais atrativas a esses investidores", acrescentou o economista-chefe do modalmais, Alvaro Bandeira.
Dólar
A grande entrada de capital estrangeiro, no entanto, fez o dólar ceder e engatar a terceira semana de queda. A moeda fechou esta sexta-feira aos R$ 5,12, no menor valor desde julho. O recuo foi de 3,79%, na semana, e de 0,32%, nesta sexta-feira.
"Com a entrada dos investidores estrangeiros, o dólar cedeu. Porém, a Bolsa já se aproximou dos níveis de fevereiro, e o dólar ainda está longe dos R$ 4,30 e dos R$ 4,40 que tínhamos antes da pandemia", frisou o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo. Ele acredita que o dólar pode continuar caindo nas próximas semanas, ao sabor dos eventos internacionais. Porém, lembra que a definição do rumo das contas públicas brasileiras em 2021 será fundamental para o comportamento dos investidores estrangeiros e do dólar.
"Nas próximas semanas, a atividade parlamentar vai determinar para que lado o câmbio vai. Vai depender da agenda imposta, das reformas e do equilíbrio fiscal", disse Bergallo. "Qualquer desvio de rota, que não seja pelo ajuste da economia, certamente vai renovar a saída de recurso dos investidores estrangeiros", completou Bandeira.
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