O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu adiar a primeira fase de implementação do open banking - o processo de compartilhamento de dados bancários que promete melhorar a oferta de serviços financeiros para os brasileiros. O programa começaria a ser implantado na próxima segunda-feira (30/11), mas teve o início adiado para 1º de fevereiro de 2021.
O adiamento da primeira fase do open banking atende um pedido do setor bancário. As instituições financeiras alegaram ao Banco Central (BC) que este é um sistema muito complexo para ser implementado em um prazo curto e lembraram que, neste ano, precisaram concentrar os esforços tecnológicos na oferta de serviços digitais que atendessem os brasileiros durante a pandemia de covid-19 e também na implementação do Pix. O pedido foi avaliado pelo CMN na noite desta quinta-feira (26/11) e a decisão pelo adiamento foi publicada nesta sexta-feira (27/11).
"Com os esforços necessários para o combate à pandemia da Covid-19, o BCB e CMN entenderam que foram impactados os processos de trabalho nas instituições participantes do Open Banking, e que também foi levada em consideração a necessidade de adaptação de sistemas das instituições em razão de outras ações regulatórias, a exemplo do Pix e de registro de recebíveis de cartão, afirmou o BC.
O BC, contudo, chamou o adiamento de "ajustes pontuais nos prazos para implementação do Sistema Financeiro Aberto (Open Banking)". É que o intuito da autoridade monetária é concluir a implementação das quatro fases do open baking ainda em 2021. Para isso, o início da primeira fase passou de 30 de novembro de 2020 para 1º de fevereiro de 2021, mas as demais fases foram adiadas por períodos menores.
A segunda fase do open banking, que estava prevista para 31 de maio, foi para 15 de julho do próximo ano. A terceira foi mantida em 30 de agosto de 2021. E a quarta fase foi transferida de 25 de outubro para dezembro de 2021. "Mesmo com o ajuste no cronograma, a conclusão do processo de implementação do Open Banking, dividido em 4 fases, ocorrerá em 2021", destacou o BC
Nessa quinta-feira (26/11), contudo,, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, havia dito que o cronograma final deste projeto seria mesmo e que "o open banking vai ficar pronto no mesmo dia". Campos Neto havia admitido apenas um ajuste no início do projeto, visto que neste ano "houve uma exaustão do processo tecnológico em alguns bancos". "A única coisa que estamos verificando hoje é como melhorar a integração da primeira e da segunda fase, para que todos consigam se adaptar na parte tecnológico. O cronograma final é o mesmo", garantiu o presidente do BC em entrevista ao My News.
Escalado pelo BC para apresentar as mudanças no cronograma do open banking, o consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor), Mardilson Fernandes Queiroz, minimizou o atendimento. Ele disse que foram ajustes técnicos de menos de dois meses e garantiu que o intuito do BC era manter o projeto em 2021, o que aconteceu. "Um ajuste técnico pontua, de um ou dois meses, se for ver, não é nada para a sociedade. O importante é que a mudança aconteça e aconteça bem", alegou.
Como tem feito boa parte do mercado, Queiroz comparou o início do open banking ao surgimento da internet. A expectativa é que o open banking mude a lógica de funcionamento do sistema financeiro, permitindo a oferta de serviços mais adequados ao perfil de cada cliente financeiro, a inclusão de novos brasileiros no sistema bancário e o aumento da competição neste mercado. É que, com esse sistema, o consumidor vai poder seus dados e o seu histórico bancário na busca de produtos melhores em outras instituições. Além disso, instituições financeiras, de bancos a fintechs, poderão observar a situação do cliente para oferecer produtos voltados a suas condições.
O mercado tem aprovado a mudança, mas lembra que em países como o Reino Unido esse processo levou mais de cinco anos. Por isso, classificam o cronograma do BC como desafiador. Magalhães admitiu que o projeto é audacioso, mas frisou que o processo do open banking não acaba em 2021, pois novos produtos e serviços poderão continuar sendo criados depois disso. "Veja a internet, até hoje nós vemos a criação de novos negócios", comentou.