A Caixa Econômica Federal registrou um lucro líquido ajustado de R$ 2,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano. A cifra é 67,1% menor que a registrada no mesmo período do ano passado, mas aponta um crescimento de 1,7% em relação ao segundo trimestre, que foi o mais atingido pela pandemia de covid-19 no Brasil. Com isso, o lucro líquido ajustado da Caixa foi a R$ 8,3 bilhões no acumulado do ano.
O lucro líquido contábil, por sua vez, foi de R$ 1,8 bilhão e o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) recuou 0,1 ponto percentual em relação ao segundo trimestre deste ano, a 12,7%. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, garantiu, por sua vez, que "o resultado foi consistente e forte, demonstra uma melhora do ponto de vista operacional muito relevante e uma redução do nível de provisionamento". Ele também frisou que a "rentabilidade está absolutamente coerente com o banco da matemática e com o banco social", lembrando que a Caixa faz o pagamento do auxílio emergencial na pandemia de covid-19.
"Basicamente, o ajuste veio por uma questão de provisões extras de crédito da ordem de R$ 1,1 bilhão e do acordo coletivo, com aporte no Saúde Caixa e abono, os dois juntos na ordem de R$ 300 milhões", afirmou Guimarães, durante a apresentação dos resultados, nesta quarta-feira (25/11). O Relatório de Análise de Desempenho da Caixa acrescentou que "a variação do lucro foi gerada, principalmente, pelos aumentos de 2,7% na margem financeira, 13,4% nas receitas de prestação de serviços, e pelos crescimentos de 2,3% nas despesas de pessoal e de 4,7% das outras despesas administrativas".
De acordo com o documento, as despesas de pessoal, que correspondem a 64,9% das despesas administrativas da Caixa, subiram 2,3% em relação ao trimestre anterior, a R$ 5,5 bilhões, por conta do reajuste anual dos salários e do pagamento do abono único aos funcionários do banco. Já as outras despesas administrativas aumentaram 4,7% no período, a R$ 3 bilhões, em "consequência do aumento com os serviços de terceiros, e crescimento de 19,0%, em vigilância e segurança; 8,5%, em amortização/depreciação; 16,9%, em serviços especializados; e 7,8%, em sistema financeiro".
Por outro lado, a margem financeira alcançou R$ 9,9 bilhões. O resultado é 2,7% maior que o do trimestre anterior, quando a Caixa praticamente parou para fazer o pagamento do auxílio emergencial, segundo Guimarães. Por isso, revela um retorno das operações comerciais. A carteira de crédito da Caixa, por exemplo, cresceu 10,7% na comparação anual, chegando a R$ 756,5 bilhões, por conta de aumentos do financiamento da casa própria, do crédito consignado e dos empréstimos às micro, pequenas e médias empresas.
Seguro
Ainda contribuiu com a melhora da margem financeira a redução dos custos de captação e a recuperação das receitas com serviços. Segundo Guimarães, as receitas com serviços cresceram 13,4% em relação ao segundo trimestre. E também estão 6% acima do resultado do primeiro trimestre, o que demonstra a volta operacional do banco, sobretudo com a geração de receitas via cartões e seguros. O executivo adiantou ao Correio que a Caixa está vendendo seguro como nunca e já planeja, inclusive, abrir a própria corretora de seguros.
A margem financeira da Caixa, contudo, ainda está 48% abaixo do observado no mesmo período do ano passado. Segundo Guimarães, a pandemia de covid-19 explica essa redução, já que a Caixa passou a maior parte dos últimos meses dedicada ao pagamento do auxílio emergencial e dos demais benefícios sociais do governo.
"Apesar de termos uma retomada forte do crédito consignado e de alguns produtos de seguros, claramente não é a mesma coisa que a operação recorrente do ano passado. Além disso, temos provisões importantes, que fazem todo o sentido com a pandemia. Apesar de o segundo trimestre ter sido bem mais impactante que o terceiro, porque já começamos a vender em alguns segmentos, a pandemia explica. Certamente, o principal objetivo da Caixa em 2020 foi o de atender as pessoas neste momento de pandemia", argumentou.
Baixa inadimplência
O presidente da Caixa adiantou, por sua vez, que muitas das provisões realizadas nos últimos meses pela Caixa têm se mostrado conversadoras. Ele explicou que, com o início da retomada econômica, muitos consumidores que haviam pausado o pagamento de financiamentos na Caixa voltaram a pagar as parcelas em dia, o que tem garantido a manutenção de baixas taxas de inadimplência. Guimarães disse, então, que não vê necessidade de novas provisões neste quarto trimestre, apesar de também não pretender desfazer as provisões já efetuada por uma questão de cautela.
Banco digital
Ele também se mostrou otimista em relação à geração de receitas nos próximos meses, sobretudo por meio do banco digital que a Caixa pretende criar a partir do Caixa Tem. Como mostrou o Correio, o aplicativo deve oferecer microcrédito para os brasileiros de baixa renda até março, além de outros produtos como seguros e crédito imobiliário. Guimarães acrescentou nesta quarta-feira que espera ter a criação do banco digital aprovada pelo Banco Central nos próximos seis meses, o que permitirá a abertura de capital do Caixa Tem. "Nós pretendemos realizar a abertura de capital, em sendo aprovado, tanto fora do Brasil, quanto dentro", comentou.