Um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, a aviação civil experimenta uma retomada lenta e gradual no Brasil e no mundo. No país, o mercado doméstico avança de forma mais veloz, com perspectiva de alcançar 80% do movimento pré-pandemia em dezembro, ante 45% na movimentação internacional. Autoridades e especialistas do setor avaliaram, nesta terça-feira (24/11), iniciativas e propostas de recuperação do transporte aéreo durante o evento virtual AirConnected Digital Xperience (DX).
Segundo Paula Faria, CEO da Necta e idealizadora do AirConnected DX, o objetivo do evento é reunir “importantes organizações representantes do ecossistema, entendendo a importância do setor para o desenvolvimento e retomada da economia”. “O AirConnected envolve os principais atores do setor público e privado, trazendo os principais cases da aviação no contexto nacional e mundial”, disse.
Faria ressaltou que a aviação civil passou pelo momento mais difícil da história em 2020. “O cenário é de US$ 80 bilhões de prejuízo em termos globais. Com uma demanda de passageiros 66% menor, o que significa milhões de pessoas a menos voando, e uma perda de receita nas empresas superior a US$ 400 bilhões.”
“No Brasil não foi diferente. Entre março e abril, o transporte aéreo passou de 14 mil voos por semana para um pouco mais de mil, uma redução de mais de 90%”, lembrou Ricardo Fenelon, parceiro do AirConnected e sócio-fundador do Fenelon Advogados. “A continuidade só foi possível graças a uma ampla negociação entre Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Ministério da Infraestrutura e empresas aéreas, com um plano emergencial para preservar o caixa de empresas e aeroportos. A retomada tem sido positiva, mas o cenário continua desafiador”, assinalou.
Futuro
O secretário nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann, concorda que a crise é a maior da história. “Nem no 11 de setembro, que foi uma data importante para os setor, vimos uma crise tão profunda e tão prolongada. A aviação será um novo setor depois disso”, estimou.
Segundo ele, o país chegou a ter queda de 93% no mercado doméstico e de 99%, no internacional. “Passamos de 2,4 mil voo por dia e chegamos a menos de 200, no auge da crise foram 180 voos diários. Mas conseguimos manter a malha funcionando. Temos um futuro pela frente, com a retomada do mercado doméstico”, assinalou.
Glanzmann afirmou que o setor já está performando 60% em relação a novembro de 2019. “Fecharemos o ano entre 70% e 80% em relação a dezembro do ano passado, dependendo de cada aeroporto. O grande desafio é o mercado internacional. Devemos fechar o ano com 45% e 50% do que foi dezembro do ano passado e ainda dependemos dos países parceiros.”