reflexo da crise

Impacto do IGP-M ainda não é pleno no aluguel devido à pandemia

A taxa mexe diretamente no bolso de aproximadamente de 13,3 milhões de brasileiros, de acordo com levantamento feito pelo IBGE

Apesar da retomada das atividades econômicas no país, a crise provocada pela pandemia da covid-19 derrubou o valor dos novos contratos de aluguéis de imóveis residenciais e comerciais e inibiu a aplicação automática de reajuste pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). A taxa mexe diretamente no bolso de aproximadamente de 13,3 milhões de brasileiros, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pelo cálculo, o indexador apresentou alta de 3,05 pontos percentuais (p.p.) e está acumulado em 24,25%, em 12 meses. A alta deste mês é maior que a do mês anterior (2,92%). O resultado pressiona donos de imóveis a aumentar o aluguel.

Para o CEO da Sindona Incorporativa, Bruno Sindona, atualmente há uma corrida contra o aumento de preços. “Qualquer proprietário de imóvel está receoso em conceder descontos por conta da inflação apresentar índices de alta. Ele está alugando muito barato comparativamente a quem está fazendo contratos novos, com o índice já corrigido. Então, negociar descontos é bem difícil”, explicou.

Já Rachel Pena, empresária do ramo de imóveis e CEO da Re/Max Partner, explica que a taxa pode, também, chegar a valores negativos, mas que o mercado imobiliário não acompanha a alta. “O preço do aluguel está subindo, mas não é na mesma proporção do IGP-M. Isso pode ser positivo para quem está alugando imóveis, pois o preço que vem sendo cobrado nos aluguéis está abaixo do que a taxa indica”, observou.

Rachel explica que o locatário precisa conhecer bem suas condições antes de assumir o compromisso de alugar um imóvel. “É muito importante analisar o valor de acordo com a sua renda e, além disso, levar em consideração o condomínio, o IPTU, o provável custo com água, com luz e demais contas. É preciso entender, saber quanto isso vai impactar em sua renda e, caso seja possível, possuir uma reserva de três a seis meses para imprevistos”, orientou.

Negociações

Mas o momento também favorece negociações. A advogada Amanda Caroline, especialista em direito civil, explica que diante de um aumento expressivo no índice, o momento requer muita conversa e, principalmente, transparência com o locador. “Quando o inquilino não possuir condições, ele deve ser sincero na hora da conversação. Informar todos os aspectos da sua renda, inclusive se for o caso expor da redução de salário/jornada em decorrência da pandemia. Informar que no momento em que o salário voltar a ser pago com normalidade, os valores podem ser reajustados”, ressaltou.

Foi como fez Regiana Pinheiro, de 48 anos. Moradora de Minas Gerais, a servidora pública se viu apertada com os valores do aluguel. “Durante o isolamento, o locatário me informou sobre um possível aumento e, na mesma época, meu marido teve o salário reduzido, o que dificultou a situação. Expus toda a situação para o dono do imóvel e conseguimos negociar o ajuste”, contou Regiana, que há um ano aluga o mesmo imóvel e possui um bom relacionamento com seu locatário.

A advogada afirma, porém, que as partes devem se resguardar se chegarem a um acordo extra-contrato. “Importante destacar que deve ser registrada, seja por mensagem de WhatsApp ou e-mail, para evitar desentendimentos futuros. As partes podem realizar também um termo aditivo ao contrato com assinatura dos envolvidos”, explica Amanda.

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi