O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) destacou, em relatório divulgado ontem, o que o Brasil precisará fazer em breve “cortes significativos” em seus gastos, a fim de cumprir sua regra fiscal. A entidade, formada pelos 500 maiores bancos do mundo e com sede em Washington, comenta que nos últimos meses já tem citado as preocupações com a trajetória fiscal do país, diante de sua “grande resposta fiscal à covid-19”.
O IIF diz que o Brasil possui o maior deficit fiscal entre os emergentes no quadro atual, mas com emissões de bônus modestas até agora. “Depósitos do governo no Banco Central financiam o déficit, e o BC esteriliza a operação com o uso de acordos de recompra”, aponta. O IIF afirma que essas operações de recompra são “muito mais baratas do que a emissão” de bônus, mas também diminuem o vencimento médio da dívida pública.
Segundo o IIF, o aumento de gastos públicos do país foi similar ao de nações desenvolvidas para lidar com a pandemia, mas, em breve, serão necessários os cortes para atender à regra fiscal. Para o instituto, essa operação será “dura”, em um momento de pressão por mais gastos sociais.
O IIF comenta que a amortização da dívida pública do Brasil prevista para o próximo ano deve ficar em nível similar ao do início dos anos 2000, com uma série de vencimentos “por volta de abril”. O fato de que o país possui poucos bônus em moeda estrangeira reduz as preocupações sobre essas rolagens, “mas, o risco de que grandes parcelas da dívida tenham de ser refinanciadas em taxas de juros mais altas ganha relevância”, alerta, para lembrar que, em geral, vencimentos muito mais curtos sinalizam "uma situação frágil”.