Em fase de testes, o Pix — nova modalidade de pagamentos criada pelo Banco Central — tem se mostrado funcional, com erros pontuais. A plataforma começou a funcionar para alguns usuários desde o último dia 3. Apesar das facilidades propostas pela tecnologia, o governo pretende manter a circulação de dinheiro físico enquanto houver demanda. É o que explicou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, João Manoel Pinho de Mello, em uma live realizada pelo banco Itaú nesta sexta-feira (6).
Segundo Mello, ainda que as facilidades da digitalização bancária sejam positivas, há uma grande parcela da população que utiliza dinheiro físico na maior parte das movimentações financeiras. "(O Pix) é um meio de pagamento essencialmente digital e eletrônico. Por outro lado, o dinheiro ainda é altamente utilizado. E o BC não deixará de ofertar moeda (dinheiro) se houver demanda.[...] Por um lado, temos uma facilidade de utilização de uma nova ferramenta, o celular; e, por outro, ainda há muita utilização de dinheiro por boa parte da população", disse ele.
Ele lembrou que, no Brasil, a implementação de novas tecnologias é tradicional. Citou o exemplo dos cartões magnéticos. O Pix, no entanto, não tem como objetivo substituir a moeda física, mas ser uma espécie de complemento ou opção para os usuários. "O BC vai sempre fomentar soluções que aumentem a eficiência nos pagamentos. O Pix é um grande aprimoramento. Ele é alavancado numa estrutura existente, tem condições de promover aumento de velocidade, concorrência, condições igualitárias de concorrência entre agentes que possam prestar serviços de pagamento", defendeu.
Vale lembrar que, na última quarta-feira (4), o ministro Paulo Guedes afirmou que o Brasil terá uma moeda digital. Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, ele afirmou que o país está à frente de outras nações e ressaltou o avanço do sistema financeiro com a digitalização proporcionada pelo Pix. No entanto, ele não deu maiores detalhes de um possível projeto nesse sentido.
O Pix está previsto para ser disponibilizado ao público em geral no próximo dia 16. Entre os dias 3 e 8, no entanto, as instituições habilitadas a recebê-lo podem escolher até 5% de seus clientes para uma fase de testes. Desde que começaram os registros das chaves (por meio delas, será possível identificar pagadores e recebedores), no último mês, já são cerca de 26 milhões de CPFs cadastrados, revelou o diretor do BC.
"Acho que todos nós estamos preparados para a possibilidade de sucesso. Mas era difícil quantificar alguma expectativa a priori. O que víamos era um grande interesse da sociedade no Pix. [...] O processo de cadastramento de chaves foi um negócio estrondoso. Temos algo próximo de 26 milhões de CPFs cadastrados e cerca de 1 milhão de CNPJs. Isso reflete o interesse dos usuários. Esses números falam por si", comentou Pinho de Mello.
Ele explica que a fase de testes é importante para identificar falhas no sistema e permitirá entregar um produto mais estável quando o Pix for finalmente lançado. Houve problemas, segundo ele, mas estão sendo sanados. A primeira semana de testes, avalia o diretor do BC, tem sido um sucesso.
"Nós fizemos uma abertura suave que vai até o dia 15. É preciso uma fase de testes para identificar problemas ocasionais e corrigi-los de modo a fazer uma abertura cheia, com todos os usuários, no dia 16. Depois de ativo, não será mais desativado. Nossa avaliação é de que essa primeira semana foi um sucesso", completou o diretor.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza