Banco Central

Campos Neto: governo precisa "eleger prioridades" para manter auxílio

Presidente do Banco Central afirmou que instituição acompanha a inflação, que ultrapassou a meta de 4% estabelecida para 2020. Ele falou também sobre a possibilidade de uma moeda digital nos próximos dois anos, com a chegada do Pix

Israel Medeiros*
postado em 25/11/2020 21:15
 (crédito: Raphael Ribeiro/BCB)
(crédito: Raphael Ribeiro/BCB)

Na última terça-feira (25), a prévia da inflação em novembro registrou alta de 0,81%, contra 0,94% do mês anterior. O setor de alimentos é o mais afetado. Apesar de a alta ser menor, em doze meses, esse acumulado chegou a 4,22% — a meta estipulada para 2020 é de 4%. Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esse resultado tem sido visto de forma relativamente tranquila pela instituição, que "está acompanhando o processo".

Em um painel online promovido pela Sicoob, Campos Neto falou sobre a necessidade de o país lidar de forma eficiente com a área fiscal — um dos grande problemas causados pela pandemia —, e disse que o governo precisa "eleger suas prioridades", ao falar sobre o custeio de uma eventual prorrogação do auxílio emergencial. "Se o pagamento for continuar, é preciso fazer ajustes em outros gastos", pontuou.

Acompanhado de representantes do sistema cooperativo, ele ressaltou o momento atual da crise, afirmando que o mercado está otimista com o horizonte de vacinas e disse que "a atuação dos bancos e cooperativas foi muito boa durante a pandemia". Ele também destacou o sucesso do Pix, que acumula mais de 83 milhões de chaves cadastradas. Esse, segundo Campos Neto, é um passo importante para a implementação de uma moeda digital à curto prazo.

"Temos o projeto Open Banking, que vai se encontrar com o projeto do Pix em 2021 ou 2022. E temos um projeto que precisamos avançar, a inovação da moeda. Esse projeto passa pela simplificação da moeda (que é o PL cambial que está esperando para ser votado na Câmara) e a internacionalização da moeda, com futura possibilidade de conversibilidade. Lembrando que o que queremos fazer quando esses elementos estiverem alinhados é ter uma moeda digital", revelou.

Inovação

Segundo ele, o grupo de estudos para implementar a moeda digital já iniciou os trabalhos. Mas ainda "existem mais perguntas que respostas". Também estava presente no evento o diretor-presidente do Centro Cooperativo Sicoob, Marco Aurélio Almada. Ele comentou que, com a chegada do Pix e de outras novidades, o desafio do cooperativismo neste momento é se reinventar diante das novas possibilidades e das novas tecnologias.

"Posso dizer que estamos em dia com esses desafios. (...) Estamos entendendo como a indústria financeira vai ser transformada a partir dessas novas tecnologias para que possamos participar das transformações em curso e não ser aquele agente que resiste e cria dificuldades a um processo de transformações", disse ele.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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