INFLAÇÃO

Bolsonaro diz que alta nos preços dos alimentos é consequência do "fique em casa"

O chefe do Executivo também culpou a pandemia pelo desajuste no mercado

Ingrid Soares
postado em 23/11/2020 12:22 / atualizado em 23/11/2020 12:34
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta segunda-feira (23/11) que a alta dos preços enfrentada pelos consumidores brasileiros na compra de itens como arroz, óleo e carne é resultado do isolamento social, o que chamou de o “fique em casa”. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio do Alvorada.

“O pessoal tem reclamado do preço dos alimentos. Tem subido, sim, além do normal. A gente lamenta isso daí. Também é uma consequência do 'fique em casa', quase quebraram a economia", declarou.

Bolsonaro voltou a criticar o governador de São Paulo, João Doria, ao afirmar que o tucano aumentou os impostos na capital e emendou que está fazendo o possível para que os preços no país voltem à normalidade, mas que a culpa pelo encarecimento deve ser dirigida aos governadores.

“São Paulo aumentou o ICMS [Imposto sobre circulação de Mercadorias e Serviços] de quase tudo, inclusive de produtos da cesta básica. Tem muita coisa errada, sabemos disso, mas a responsabilidade tem que ser apontada para quem é de direito. Todo mundo aponta para mim essa questão dos preços dos alimentos. Estamos fazendo o possível para voltar à normalidade”, apontou sem dizer quais medidas estão sendo adotadas.

Segundo o mandatário, caso o governo não tivesse implementado o auxílio emergencial, o Brasil estaria numa situação pior. “Se não tivéssemos feito o possível, como foi lá atrás, para ajudar pequena e microempresa, o auxílio emergencial, acho que estaria terrível a situação aqui no Brasil”.

Agronegócio

Ele ainda rebateu críticas ao agronegócio e disse ser a favor do “livre mercado” e que não pode diminuir a exportação de alimentos.

“Agora tem uns criticando o agronegócio. Não é pouca gente, não. Coisas infundadas, mas não ouça, gente. Todo tempo, [dizendo] mentira e tentando desgastar o governo. Em vez da esquerdalha mostrar o que fez. Não vão mostrar porque só roubaram. Então, têm que tentar caluniar os outros”, alegou.

“O pessoal esquece que a gente se endividou em R$ 700 bilhões [na pandemia] e passa a criticar que o agronegócio tem que vender aqui para dentro, não para fora. Olha, a soja toda tem que ser exportada, não tem como se consumir tudo aqui dentro. E eu sou a favor do livre mercado", complementou.

Política ambiental

Bolsonaro também voltou a dizer que tem sofrido ataques infundados e com objetivo comercial por parte das comunidades internacionais em relação à política ambiental e ao agronegócio.

"Eu postei hoje [em redes sociais] em inglês, para mostrar como nós tratamos o agronegócio aqui. Não da forma como eles dizem que nós tratamos, de forma mentirosa, que nós tocamos fogo em tudo. Nós não plantamos na Amazônia. E criticam que estamos fazendo derrubada na Amazônia. São críticas infundadas e com objetivo comercial", concluiu.

No domingo (22), no segundo dia de reunião do G20, grupo formado pelas maiores economias mundiais, o chefe do Executivo garantiu que o país é um dos que mais protege as áreas verdes e que mantém o compromisso de preservação da Amazônia, do Pantanal e de todos seus biomas.

Mais cedo, pelas redes sociais, Bolsonaro respondeu a alguns comentários de internautas que cobravam providências para o barateamento dos produtos.

"Procure saber sobre a carga tributária nos alimentos e os custos de produção. Peço então apontar os verdadeiros responsáveis. No mais não se esqueça do que ainda vivemos, a pandemia, que desajustou, em parte, os mercados. Tudo fizemos para que o 'fique em casa' não chegasse no campo, caso contrário teríamos algo pior, o desabastecimento", disse a um deles.

Em resposta a um outro que disse ser seu apoiador, mas que com os preços altos estava “difícil”, Bolsonaro respondeu usando um print de publicação antiga do mesmo defendendo o isolamento social. “Você mesmo estimulou o 'fique em casa'. Houve um desarranjo em quase tudo no Brasil. Socorremos 67 milhões de pessoas no auxílio emergencial, exatamente para que pudessem, em grande parte, se alimentar. Temos trabalhado, e muito, para a volta da normalidade", esbravejou.

 

 

 

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