O Pix, sistema de pagamentos instantâneos que entra em operação plena no Brasil nesta segunda-feira (16/11), deve abocanhar 20% de todo o mercado de pagamentos eletrônicos do país ao longo dos próximos anos. Ou seja, tem potencial para transacionar mais de um bilhão de pagamentos por mês. A projeção é da consultoria Oliver Wyman e foi apresentada no lançamento do Pix a pedido do Banco Central (BC).
"Acreditamos que, de fato, teremos o Pix representando mais de 20% das operações só de meios eletrônicos lá na frente", revelou a economista e head do escritório da Oliver Wyman no Brasil, Ana Carla Abrão, que foi convidada pelo BC para palestrar na cerimônia de lançamento do Pix. "A gente vê um potencial de adoção crescente e consistente do Pix pelas pessoas, pelos consumidores e pelas empresas que utilizam o sistema de pagamento", explicou.
Dados apresentados por Ana Carla mostram que o Pix já deve responder por 8% dos pagamentos eletrônicos do Brasil no próximo ano e só deve ampliar essa participação com o passar do tempo. A Oliver Wyman calcula que o novo meio de pagamento vai responder por 10% desse mercado já em 2022 e deve ser o responsável por 20% de todos os pagamentos eletrônicos do país já em 2028.
Os primeiros números da operação do Pix reforçam o potencial do novo de meio de pagamentos do Brasil. Segundo o Banco Central, mas de 30 milhões de pessoas e 1,7 milhão de empresas já se cadastraram no sistema de pagamentos instantâneos e mais de 700 instituições financeiras já estão aptar a efetuar um Pix.
Por isso, só na fase de operação restrita do Pix, que contou com a participação de no máximo 5% dos clientes dessas instituições, mais de R$ 800 milhões foram transacionados no Pix por meio de dois milhões de operações com um tíquete médio de R$ 400. O BC também informou que, apesar de o sistema de alguns bancos ter apresentado contratempos no início desta segunda-feira, mais de 400 mil operações já foram liquidadas nesta manhã, no início da operação plena do Pix.
A Oliver Wyman também estima que, em 2030, o Pix já deve responder por 22% dos pagamentos eletrônicos realizados no país. E as projeções mostram ainda que esse mercado vai praticamente dobrar de tamanho ao longo dos próximos dez anos. A consultoria estima que 44 bilhões de pagamentos eletrônicos serão efetuados no Brasil neste ano, mas projeta 80 bilhões de transações para 2030.
Mais de um bilhão de transações por mês
Ana Carla diz que a projeção ainda é conservadora. "Tentamos ser o mais conservador possível. Mas a projeção, em números de transações, com base nos fatores de sucesso (do Pix) e com base no que observamos em outros países que lançaram soluções de pagamento instantâneo, a gente acredita que logo, logo o Pix vai estar respondendo por mais de 20% das transações eletrônicas de pagamento. Isso é muito representativo, a gente está falando de mais de um bilhão de transações por mês", declarou a economista.
A head da Oliver Wyman explicou que as projeções são tão representativas porque o Pix promete oferecer uma experiência simples e com custos baixos para os clientes; foi construído em um sistema de tecnologia robusto, que permite a utilização segura do Pix em diversas situações. Também promete trazer mais atores para o sistema financeiro, ampliando a competição no mercado bancário.
As características do Pix também foram ressaltadas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para quem o Pix vem atender as demandas do novo consumidor digital, mas também deve ampliar a competição, a eficiência e a inclusão financeira no país.
Segundo Ana Carla Abrão, a atuação do BC neste processo também contribui com a popularização do Pix. O Banco Central é o responsável pela infraestrutura e pelas regras do Pix. Por isso, permite que o sistema seja usado por todas as instituições financeiras reguladas, o que promete oferecer uma experiência padronizada para os usuários e também custos baixos. Segundo o BC, cada banco, fintech ou financeira que usar o Pix para transacionar o dinheiro dos seus clientes vai pagar apenas um décimo de centavo de real por transação.
"Acreditamos que é uma tendência não só pelas características do Pix, mas também pela mudança de comportamento do consumidor, que já vinha adotando cada vez mais meios de pagamento e, agora, com a pandemia, vê a aceleração disso. E a forma como foi estruturado, com o protagonismo do BC, traz uma credibilidade inédita", argumentou Ana Paula. A economista também lembrou que os pagamentos instantâneos são uma tendência mundial e disse que algumas das experiências internacionais mostram que essa experiência pode, de fato, aumentar a inclusão financeira.
Novas soluções
Em coletiva de imprensa realizada após o lançamento do Pix, Roberto Campos Neto confirmou que o Pix pode responder por 20% a 25% dos pagamentos eletrônicos do Brasil. Ele frisou, contudo, que este é só mais um meio de pagamento e lembrou que o Brasil ainda pode ganhar novas soluções de pagamento em breve. O WhatsApp Pay, por exemplo, está prestes a ser liberado no país, segundo Campos Neto. "A agenda do BC não é só o Pix. É o fomento da eficiência dos meios de pagamento", reforçou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello.
Campos Neto acrescentou que o projeto de digitalização dos pagamentos, que ganha força com o Pix, pretende chegar até a emissão de uma moeda digital no Brasil. "Estamos avançando nesse caminho de ter uma moeda digital, de ter um processo mais digital. Isso não significa que vai substituir a moeda 100%. É ter a moeda digital como um todo, é ter o real digitalizado, porque a gente vê uma demanda existente hoje, através da criação de várias moedas e formas de pagamento, por um sistema mais digitalizado", declarou.
Antiga CPMF
O presidente do BC garantiu, por sua vez, que o Pix não tem relação com o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tributar as transações eletrônicas por meio de um imposto similar à antiga CPMF. "A criação do Pix não tem nada a ver com nenhuma intenção de cobrar imposto. Mesmo porque o Pix, a gente estima que, em algum momento, vai chegar a 20%, a 25% dos pagamentos. Se alguém quiser cobrar imposto sobre pagamentos tem que cobrar em mais de 25%. Então, não é o Pix que vai fazer o imposto existir ou não", cravou.
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