Pouco depois de o Banco Central (BC) apontar uma alta de 9,47% da economia no terceiro trimestre, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o país está "oficialmente" saindo da recessão. Ele admitiu, contudo, que ainda é preciso transformar essa recuperação em um crescimento sustentável, atraindo os investidores de volta ao Brasil.
"Recebemos hoje a notícia de que o Brasil está oficialmente saindo da recessão", afirmou Guedes, durante o Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex).
Nesta sexta-feira (13/11), o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC), que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), indicou que a economia brasileira cresceu 9,4% no terceiro trimestre, em relação ao período imediatamente anterior, quando o PIB desabou 9,7% por conta da pandemia de covid-19. O indicador aponta para uma saída da recessão técnica, pois interrompe uma sequência de dois trimestres de queda da atividade econômica. O dado oficial do PIB, contudo, só será divulgado em 3 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O ministro também citou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou saldo positivo na geração de vagas formais de trabalho em julho, agosto e setembro. "O Brasil está saindo da recessão técnica, a economia está voltando com força e a perda de empregos será menor que nas últimas duas recessões. Na época em que teve a maior crise de saúde mundial, e isso atingiu violentamente a economia mundial, o Brasil está conseguindo sair, atravessar essa onda", celebrou.
Perda de força
Guedes admitiu, contudo, que o saldo positivo do Caged pode perder força nos próximos meses, como já acontece com o comércio, que vinha se recuperando impulsionado pelo auxílio emergencial e desacelerou em setembro, quando foi cortado de R$ 600 para R$ 300. Em setembro, o Brasil criou 313,5 mil vagas formais de trabalho, o melhor resultado para o mês de toda a série histórica do cadastro.
"É um ritmo tão forte que talvez seja difícil manter esse ritmo", comentou Guedes, em tom otimista, explicando que já será satisfatório manter esse ritmo de criação de vagas.
O chefe da equipe econômica também reconheceu que o Brasil precisa transformar essa "recuperação cíclica, baseada em consumo, em uma retomada do crescimento sustentável baseada em investimento" no próximo ano. Afinal, para muitos economistas, boa parte dessa recuperação do terceiro trimestre foi sustentada pelo auxílio emergencial, que, segundo o ministro, vai acabar no fim deste ano se o Brasil não sofrer com uma segunda onda de covid-19.
Guedes mostrou-se otimista em relação a essa mudança na trajetória de crescimento, pois acredita que o Congresso vai aprovar as reformas econômicas e os marcos regulatórios que podem atrair investimentos e desburocratizar o ambiente de negócios. Ciente de que os investidores só voltarão quando perceberem que as contas públicas estão em uma trajetória sustentável, Guedes ainda garantiu que não haverá populismo na construção do programa social que deve substituir o auxílio emergencial. Segundo ele, qualquer solução respeitará o teto de gastos.
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