Conjuntura

Guedes: dólar cai quando país atrair investimentos externos

Ministro mais uma vez diz que combinação de câmbio elevado e juros baixos é positiva. Mas, para atrair recursos externos, avisou: é preciso passar credibilidade ao mercado, que desconfia da trajetória da dívida pública

Marina Barbosa
postado em 13/11/2020 16:46 / atualizado em 13/11/2020 16:47
Dólar alto é positivo para o Brasil, mas somente quando aliado aos juros baixos, segundo o ministro da Economia -  (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Dólar alto é positivo para o Brasil, mas somente quando aliado aos juros baixos, segundo o ministro da Economia - (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Apesar de a alta do dólar pressionar cada vez mais a inflação brasileira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que a combinação de câmbio elevado e juros baixos é positiva para a economia brasileira. Ele afirmou, contudo, que o dólar tende a ficar mais barato quando o Brasil conseguir atrair investimentos estrangeiros.

"O câmbio vai descer quando houver sucesso para atrair investimentos externos", afirmou Guedes, nesta sexta-feira (13/11), ao conversar com o setor exportador, que tem sido beneficiado pela alta daz moeda norte-americana, durante o Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex). Ele também disse que os investimentos externos vão ajudar o Brasil a voltar a crescer, pois podem contribuir com a melhora da infraestrutura e a reindustrialização do país, gerando emprego e renda.

Mas, para atrair investimentos, o Brasil preciso passar credibilidade ao mercado, que hoje olha com temor a trajetória da dívida pública e demonstrou isso nesta quinta-feira (12/11), reagindo mal à declaração de Guedes de que o auxílio emergencial será renovado em caso de uma segunda onda de covid-19. Por isso, o ministro garantiu, nesta sexta-feira, que este não é plano principal do governo.

Eles também assegurou que não haverá populismo na construção de um novo programa social e garantiu que qualquer solução vai precisar caber dentro do teto de gastos. O ministro ainda defendeu a retomada das reformas e das privatizações em 2021, o que ajudou a acalmar o mercado no dia.

Juros e rentismo

O ministro voltou a dizer que o dólar alto é positivo para o Brasil, quando aliado aos juros baixos. Argumentou que os juros altos desestimulam os investimentos produtivos e transformaram o Brasil no "país dos rentistas".

E afirmou que essa relação agora se inverteu, pois os juros baixos podem estimular o investimento e o consumo, e ainda ajudaram a derrubar os gastos do governo com o pagamento dos juros da dívida pública. Guedes ainda disse que o dólar, no patamar atual, acima dos R$ 5,00, é benéfico para o setor exportador, que tem ajudado a segurar a economia brasileira neste ano de pandemia.

Para Guedes, a combinação anterior, de juros altos e "câmbio sobrevalorizado", era fruto de uma política econômica equivocada. E disse que o atual governo conseguiu chegar a esse câmbio "mais favorável" por meio do ajuste fiscal.

"Mudamos os preços críticos da economia. Quando passarmos a ter uma política fiscal forte, os juros descem e o câmbio de equilíbrio sobe. O câmbio foi para R$ 5,00 e os juros desceram para 2%. E com essa nova combinação, que vem da trajetória de controle dos gastos públicos, o que está acontecendo é que as exportações estão muito fortes", afirmou.

Segundo economistas, a alta do dólar, contudo, também tem contribuído com o avanço da inflação, pois tem elevado o preço das commodities e reduzido a oferta interna de alimentos, ao favorecer as exportações do agronegócio. Mas Guedes não creditou a alta da inflação ao dólar: para ele, os preços de alimentos e materiais de construção subiram temporariamente porque a demanda por esses produtos cresceu com o auxílio emergencial.

Ele ainda disse que a solução para garantir que "o aumento transitório de preços setoriais não se transforme em aumentos permanentes e generalizados de preços" está na autonomia do Banco Central, que foi aprovada recentemente pelo Senado e blinda a autoridade monetária de pressões políticas na condução da política da moeda.

 


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