O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o comércio exterior brasileiro deve focar, cada vez mais, na Ásia. Ele argumentou que este será o próximo eixo de crescimento mundial e avisou que essa migração só tende a crescer, caso o Brasil seja maltratado pelos Estados Unidos e pela Europa. A declaração ocorre em meio à resistência do presidente Jair Bolsonaro de reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
"Se nos tratarem mal do lado de cá, vamos para o lado de lá", disse Guedes, nesta sexta-feira (13/11), durante o Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex). O ministro acrescentou que essa migração já começou, pois hoje o Brasil exporta mais para a China e o Japão do que para os EUA e a Argentina. "Toda atenção aos americanos, toda atenção aos europeus. Mas o Brasil já se moveu e já está indo para o ponto futuro. O eixo de crescimento do mundo está na Ásia", anunciou.
Segundo o ministro, o Brasil vai exportar US$ 1 trilhão para a China nos próximos 10 anos e também deve aprofundar as relações comerciais com a Índia. Para Guedes, a Índia e a China serão os grandes mercados do mundo, e o Brasil pode ser a "fábrica de alimentos do mundo" ao exportar commodities e comida processada para esses países.
"Foco no Oriente Médio, foco na Ásia, foco na rota para a Índia. É o caminho das Índias novamente", disse aos exportadores, lembrando que as vendas externas do agronegócio têm ajudado a impulsionar a economia brasileira neste ano de pandemia.
Dançando com todos
Ele voltou a dizer que o Brasil quer "dançar com todo mundo" no comércio exterior, já que passou os últimos anos fechado e agora pretende abrir a economia para o exterior. Por isso, garantiu que "estamos totalmente abertos para aprofundar as relações comerciais" com os EUA, inclusive acompanhando o desenvolvimento do acordo comercial que foi assinado recentemente com os americanos.
Dois dias atrás, o ministro havia dito que "não é uma personalidade aqui ou nos Estados Unidos que vai afetar a relação entre os dois países". Guedes ainda disse que "se confirmada a eleição de Biden, não devemos ter problema algum".
Mas, depois disso, Bolsonaro subiu o tom contra Biden, que vem cobrando mudanças na política ambiental brasileira para a Amazônia e já disse que o país pode sofrer "consequências econômicas significativas" se não parar de destruir a floresta. O presidente chegou a usar um tom ameaçador, quando disse que a pólvora vem depois que a diplomacia não é suficiente para obter entendimento.
Guerra de narrativas
Guedes não fez mais comentários sobre o próximo presidente americano, mas voltou a criticar os países estrangeiros que criticam a preservação da Amazônia. Para o ministro, "há muito interesse comercial por trás dessa guerra de narrativas".
"Não podemos aceitar a ideia de que nós, em um ano e meio, estamos mudando o clima mundial. São narrativas políticas. Temos que estar atentos a isso. Temos total simpatia de países avançados que querem ajudar, mas vemos também a exploração do tema por países protecionistas que querem impedir o avanço da nossa agricultura", reclamou.
Ele ainda assegurou que o governo tem "consciência de que temos que fazer a nossa parte, o nosso dever na preservação do meio ambiente". E admitiu que o país precisa "descobrir formas verdes de avançar economicamente na região da Amazônia".
E voltou a dizer que, hoje, o Brasil tem a matriz energética mais limpa e uma das maiores áreas de preservação ambiental do mundo.
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