O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu novamente que poderá prorrogar o auxílio emergencial caso haja uma segunda onda da pandemia do coronavírus no Brasil. Mas, se isso não ocorrer, espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça até 4% no ano que vem.
“Se houver segunda onda, não é possibilidade, é certeza (recriar o auxílio emergencial). Acredito que, se houver segunda onda da pandemia, o Brasil reagirá como da primeira vez. Vamos decretar estado de calamidade pública e vamos recriar (o auxílio emergencial)”, garantiu Guedes, nesta quinta-feira (12/11), em teleconferência da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Na terça-feira, em evento realizado pela Bloomberg, o ministro considerou essa possibilidade, mas em valores menores do que os pagos atualmente pelo benefício (R$ 300) para que isso ocorra por um período mais longo.
Durante a palestra para empresários do setor supermercadista e de parceiros, o ministro afirmou que ainda não trabalha com a possibilidade de uma eventual segunda onda, porque, na avaliação dele, “a probabilidade é baixa”. Contudo, não descarta como um plano de emergência, pois, no pacto federativo, existe uma “cláusula de calamidade pública”.
“A nossa realidade, o nosso plano A para o auxílio emergencial, é acabar em 31 de dezembro e voltar para o Bolsa Família ou para o Renda Brasil. Com a pandemia descendo, o auxílio emergencial vai descendo junto. A renovação de auxílio não é nossa hipótese de trabalho, é contingência. Com uma segunda onda, de novo nós vamos reagir da mesma forma como reagimos”, afirmou.
Período longo
Guedes lembrou que o valor do auxílio emergencial inicialmente proposto pela equipe econômica, de R$ 200, poderia ser concedido por um período mais longo, “de um ano até um ano e meio”. Mas a decisão de aumentar o auxílio para R$ 500, pelo Congresso, e, posteriormente para R$ 600, pelo presidente Jair Bolsonaro, “foi política”.
“A pandemia estava no auge, não sabíamos o efeito. No fundo, o número saiu acima do que esperávamos, de R$ 400, que já era o dobro. Mas a decisão política foi para cima. Não me arrependo. A reação foi tão boa do ponto de vista de preservação de emprego e de funcionamento da cadeia integrada, que não podemos nos arrepender dessa decisão. Foi muito boa e foi o resultado de uma democracia funcionando” afirmou o ministro.
Ele voltou a afirmar que o Brasil vai surpreender o mundo e comparou o sucesso da distribuição digital do benefício a mais de 65 milhões de brasileiros com os Estados Unidos, que enviou o cheque por correio. “Fizemos o dinheiro chegar digitalmente”, lembrou.
Surpresa
Na avaliação de Guedes, o Brasil reagiu muito bem à crise e está surpreendendo as projeções dos mais céticos. Por conta disso, não descarta o auxílio no caso de uma segunda de covid-19. “Vamos decretar estado de calamidade e, com a nossa experiência, vamos calibrando os instrumentos”, salientou.
Durante o evento, o ministro elogiou a atuação dos supermercados durante a pandemia porque evitaram a ameaça de caos social. Afinal, não houve desabastecimento de produtos nas prateleiras dos supermercados, que “mantiveram a economia em funcionamento”. Guedes ainda minimizou a recente alta nos preços dos alimentos: para ele, a inflação é “temporária e transitória”.
Ao defender a abertura comercial, o ministro disse que o governo utilizará a redução de tarifas de importação como um instrumento “contra abusos" para a alta de preços de produtos específicos, como fez ao reduzir a taxa sobre o arroz importado. Mas pretende preservar o produtor local.
Urso faminto
Ao comentar a retomada da economia, voltou a afirmar que a atividade está voltando com força e em V, como um “urso que estava hibernando” e agora acordou.
"O urso está com fome e vai à caça", disse, ao comentar os indicadores antecedentes. Segundo ele, os dados continuam surpreendendo e a arrecadação está “extraordinária”.
“Mesmo sendo otimista, me surpreendeu a velocidade com que a economia brasileira está voltando”, observou. Para ele, sem uma segunda onda, a economia pode crescer 3,5% a 4% no ano que vem. A previsão atual do governo está em 3,2%.
O ministro afirmou, ainda, que a alta nos preços dos alimentos é “temporária e transitória”. E deve se acalmar com o fim do auxílio emergencial. “Estamos olhando para toda a pauta de produtos importados e vamos reduzir as tarifas do que estiver subindo o preço”, assegurou.
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