Potencial a explorar

Marina Barbosa
postado em 09/11/2020 06:00

A pesquisa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), contudo, também mostrou que o mercado de capitais ainda tem muito para avançar no Brasil. Apesar de estar crescendo em ritmo acelerado, a parcela da população brasileira que investe em produtos financeiros ainda é muito pequena. E, entre esses investidores, o perfil dominante é de homens e de moradores de São Paulo.

O recorde de 3 milhões de CPFs registrados na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) foi comemorado recentemente pelo mercado. Porém, os analistas lembram que isso representa menos de 2% da população brasileira. É uma participação muito pequena se comparada à de países em que a cultura do investimento é mais madura e difundida. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 50% da população compra e vende ações na Bolsa.

“Os EUA também tinham uma parcela grande de investimentos em renda fixa até a década de 1980, quando os juros americanos caíram e o dinheiro migrou para a renda variável. Então, acreditamos que esse movimento ainda está só começando no Brasil. Ainda há um trajeto longo a ser percorrido”, conta Lucas Collazo, da Rico Investimentos.

Bianca Juliano, da Xpeed School Pro, acrescenta que o potencial de crescimento do mercado de capitais é grande, porque o volume de dinheiro guardado nas aplicações tradicionais ainda é muito elevada. O saldo da poupança, por exemplo, bateu a marca de R$ 1 trilhão, em setembro, e continua crescendo, com uma captação líquida de R$ 7 bilhões, em outubro, segundo dados do Banco Central. Os analistas calculam ainda que há de R$ 3 trilhões a R$ 6 trilhões na renda fixa que poderiam migrar para o mundo de ações.

Porém, além de expandir, também é preciso diversificar esse mercado. Apenas 25% dos investidores da B3 são mulheres e 48% deles estão concentrados no estado de São Paulo. “Muita gente sempre achou que o mercado de capitais é uma coisa distante, para gente rica. O que a gente tem é falta de conhecimento, pois a população não aprende educação financeira nas escolas”, diz Bruno Luna, técnico da CVM.  

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