A procura pelo crédito bancário continua em alta no Brasil. De acordo com o Banco Central (BC), o estoque total de crédito do país subiu 1,9% em setembro, chegando a R$ 3,8 trilhões, por conta do aumento dos empréstimos às empresas e às famílias brasileiras. Os juros e a taxa de inadimplência desses financiamentos, contudo, recuou.
De acordo com as estatísticas monetárias e de crédito de setembro, divulgadas nesta segunda-feira (26/10) pelo BC, a carteira de crédito brasileira já cresceu 13,1% nos últimos doze meses, por conta de um aumento de 18,3% no crédito às empresas e de 9,3% no crédito às famílias. Só em setembro, o estoque de crédito das pessoas jurídicas cresceu 2,6%, chegando a R$ 1,7 trilhão, e o estoque de crédito às pessoas físicas avançou 1,4%, chegando a R$ 2,1 trilhões.
O aumento da demanda por crédito é fruto da crise do novo coronavírus, que interrompeu o faturamento e reduziu a renda de milhares de brasileiros, levando-os a procurar os financiamentos bancários. E segue em alta, mesmo após seis meses de pandemia. Segundo os dados do BC, em setembro, as concessões de crédito somaram R$367 bilhões, uma alta de 2,9% no mês.
Apesar da alta, o custo e a taxa de inadimplência desses financiamentos segue recuando, por conta das medidas anunciadas pelo Banco Central em meio à pandemia de covid-19 com o intuito de baixar os juros e aumentar a liquidez do sistema financeiro. A taxa média de juros do crédito bancário, por exemplo, recuou de 18,6% para 18,1% ao ano em setembro. Essa taxa era de 22,7% no início da pandemia e reflete a média dos juros cobrados no crédito livre e no crédito direcionado, atualmente em 25,7% e 6,9%, respectivamente.
Essa taxa, contudo, segue acima da taxa básica de juros (Selic), que caiu à mínima histórica de 2% ao ano na pandemia de covid-19. É que, apesar de também estar recuando, o spread bancário ainda é de 14,3 pontos percentuais. No início da pandemia, o spread médio era de 18 pontos.
A inadimplência também está em baixa e renovou a mínima histórica em setembro. No mês passado, a taxa média de inadimplência foi de 2,4%, fruto de uma taxa de 3,1% no mercado de recursos livres e de 1,4% no crédito direcionado. O recuo, segundo economistas, é fruto de medidas como a prorrogação das parcelas que venceriam na pandemia e por estímulos de renda como o auxílio emergencial. Por isso, na visão do próprio BC, pode ser temporário. A expectativa é que a inadimplência volte a subir no início de
2021, quando esses programas acabarem.