O mercado financeiro voltou a elevar a expectativa de inflação deste ano. A projeção foi revisada de 2,65% para 2,99% no Boletim Focus desta semana e já pressiona a taxa de juros projetada para o próximo ano.
Esta é a 11ª alta consecutiva da expectativa de inflação de 2020. Nos últimos meses, o orçamento das famílias brasileiras tem sido pressionado pela alta dos alimentos e essa pressão inflacionária tem ganhado força, como mostrou a prévia da inflação oficial brasileira na última sexta-feira (23/10).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia da inflação acelerou 0,94% em outubro, o maior resultado para o mês desde 1995, por conta do aumento dos alimentos e de uma pressão de preços em outros núcleos da inflação, como os de transportes e artigos de residência. Segundo economistas, o IPCA-15 de outubro trouxe o maior índice de difusão da inflação desde o início do ano. Por isso, o mercado reviu a projeção de inflação deste ano, mas também o impacto disso nos juros.
No entendimento dos analistas ouvidos pelo Banco Central no Boletim Focus, essa pressão inflacionária não deve fazer o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros (Selic) já neste ano. O Copom, por sinal, se reúne nesta terça (27) e quarta-feira (28) para deliberar sobre a Selic, que está na mínima histórica de 2%. Contudo, essa pressão de preços deve afetar a inflação e os juros em 2021.
No Boletim Focus desta semana, o mercado elevou de 3,02% para 3,10% a projeção da inflação para 2021 e também reajustou a taxa básica de juros esperada para o próximo ano, de 2,5% para 2,75%.
Câmbio
Os analistas ouvidos pelo BC também revisaram as projeções para o câmbio. Para este ano, a expectativa subiu de R$ 5,35 para R$ 5,40. Já para o próximo ano, a projeção subiu de R$ 5,10 para R$ 5,20. Hoje, contudo, o dólar é negociado até acima disso, na casa dos R$ 5,66. E é esse dólar alto, segundo os analistas, que tem causado boa parte dessa pressão inflacionária. Afinal, o câmbio tem afetado o preço das commodities e de produtos que dependem de insumos importados, como os eletroeletrônicos.
PIB
O mercado, por outro lado, melhorou a projeção para a economia brasileira neste ano, saindo de uma queda de 5% para uma contração de 4,81%. O indicador está bem próximo da projeção oficial do governo, que prevê um Produto Interno Bruto (PIB) de -4,7% neste ano. Esse número, contudo, também deve ser melhorado nos próximos dias, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, já vê uma queda menor da economia brasileira, por volta de 4%, neste ano.
Para 2021, contudo, os analistas reduziram a perspectiva de recuperação da economia brasileira. No Boletim Focus desta semana, a projeção para o PIB de 2021 foi reduzida de uma alta de 3,47% para 3,42%.