O saldo positivo das transações correntes no Brasil, em setembro, foi de US$ 2,3 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC). E para outubro, a estimativa da autoridade monetária é de novo superavit de US$ 1,2 bilhão, com ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) de US$ 1 bilhão.
Em setembro, o IDP foi de US$ 1,6 bilhão. As transações no nono mês de 2020 foram superavitárias pela sexta vez consecutiva ante deficit de US$ 2,7 bilhões em setembro de 2019. O resultado se deve ao aumento de US$ 2,1 bilhões no superavit da balança comercial de bens, e das reduções de US$ 2,1 bilhões e de US$ 885 milhões nos deficits em renda primária e serviços, respectivamente.
Na comparação com os 12 meses anteriores, o deficit em transações também diminuiu para US$ 20,7 bilhões (1,37% do PIB), em comparação aos US$ 25,7 bilhões (1,66% do PIB) no período terminado em agosto. As exportações de bens totalizaram US$ 18,5 bilhões em setembro, recuo de 9,1% em relação a 2019, e as importações de bens, de US$ 13,1 bilhões, tiveram declínio de 23,3%.
No entanto, se fossem excluídas as operações do Repetro, em setembro de 2019, de US$ 1,5 bilhão de exportações e de US$ 2,3 bilhões de importações, as reduções interanuais seriam, respectivamente, 1,9% e 11,3%. No acumulado do ano, exportações e importações recuaram 7,5% e 13,7%, com superavit comercial de US$ 37 bilhões, superior aos US$ 30,7 bilhões no mesmo período de 2019.
O deficit na conta de serviços ficou em US$ 1,6 bilhão, recuo de 35,3% ante setembro de 2019, de US$ 2,5 bilhões. A conta de viagens internacionais, com os impactos da pandemia, registrou no ano diminuição de 85,2% nas despesas líquidas, para US$ 138 milhões em setembro de 2020, ante US$ 930 milhões no mesmo mês do ano anterior. O Banco Central destacou o fato de que, na mesma base comparativa, houve a redução de 65,1% nas despesas líquidas de transportes, de US$ 491 milhões para US$ 171 milhões.
O deficit na renda primária, em setembro de 2020, recuou 56,5% em relação ao mesmo mês de 2019, para US$ 1,6 bilhão. As receitas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$ 50 milhões, comparativamente a gastos líquidos de US$ 2,6 bilhões no mês equivalente de 2019. “Esse resultado decorreu da combinação do recuo nas despesas em US$ 2,2 bilhões, para US$ 1,5 bilhão, e do aumento nas receitas em US$ 416 milhões, para US$1,6 bilhão”, informa o BC.
Os gastos líquidos com juros somaram US$ 1,7 bilhão no mês, incremento de 41,4% na comparação interanual. No acumulado do ano, o deficit em renda primária totalizou US$ 30,1 bilhões, 29,7% inferior aos US$ 42,8 bilhões registrados no ano anterior.
IDP
No mês, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,6 bilhão, inferiores aos US$ 6 bilhões, em setembro de 2019, resultado de ingressos líquidos de US$ 1,6 bilhão em participação no capital. Nos 12 meses encerrados em setembro de 2020, o IDP totalizou US$ 50 bilhões, correspondendo a 3,31% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país), em comparação a US$ 54,5 bilhões (3,52% do PIB) no mês anterior.
O BC informou, ainda, que, em setembro, houve ingressos líquidos de US$ 1,2 bilhão em instrumentos de portfólio negociados no mercado doméstico, com saídas líquidas de US$ 972 milhões em ações e fundos de investimento e de ingressos líquidos de US$ 2,2 bilhões em títulos de dívida. Nos nove primeiros meses do ano, houve saídas líquidas de US$ 27,1 bilhões, ante ingressos líquidos de US$2,6 bilhões no mesmo período de 2018. Nos 12 meses encerrados em setembro, a saída líquida de investimentos em portfólio no mercado doméstico somou US$ 37,3 bilhões.
Reservas internacionais
O estoque de reservas internacionais chegou a US$ 356,6 bilhões em setembro, aumento de US$ 514 milhões em comparação ao mês anterior. “As operações nos diferentes instrumentos de intervenção no mercado de câmbio — US$ 2,4 bilhões de retornos líquidos em linhas com recompra e US$ 877 milhões de vendas à vista — contribuíram em US$ 1,5 bilhão para elevar o estoque de reservas internacionais”, destaca o BC. A receita de juros ficou em US$ 408 milhões. Já as variações por paridades e por preço reduziram o estoque, respectivamente, em US$ 932 milhões e US$ 480 milhões.
Estimativas e parciais para outubro de 2020
Para o mês de outubro, a estimativa do Banco Central para o resultado em transações correntes é de superavit de US$ 1,2 bilhão, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 1 bilhão.
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