Para equilibrar as contas públicas, o governo federal deve se preocupar com enxugamento da máquina pública e não criar um novo imposto. É o que defende o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em entrevista ao CB.Poder — uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta quarta-feira (21/10), ele afirmou que, para ele e o partido que integra, a criação de um imposto sobre transações eletrônicas nos moldes da antiga CPMF, como defende o ministro da Economia Paulo Guedes, está fora de questão.
Doria revelou também ter "muito respeito" ao ministro Paulo Guedes, mas disse que os dois estão em lados diferentes no que se refere à criação de novos impostos. “(O partido e eu) somos contra a criação de qualquer imposto novo. Não é hora de criar novos impostos. É hora de diminuir a máquina pública, fazer a reforma administrativa. Fizemos em São Paulo a muito custo", disse ele, referindo-se à proposta de reforma enviada por ele à Assembleia Legislativa em agosto deste ano.
Ele ressaltou, no entanto, que tanto o presidente Bolsonaro quanto o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), articularam politicamente contra a medida. "O presidente teve que engolir mais uma derrota. Ele e o Eduardo Bolsonaro articularam durante três semanas sucessivas para que a reforma fosse objeto de veto e não fosse aprovada. E nós aprovamos. Fizemos em São Paulo o que o governo federal deveria fazer, enxugando despesas, diminuindo o tamanho do estado, produzindo equilíbrio fiscal para o país", atacou Doria.
O governador paulista disse concordar com a decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não estender o estado de calamidade pública decretado por causa da pandemia e se posicionou contra as falas recentes de Bolsonaro, considerando a possibilidade de furar o teto de gastos. "Estou ao lado do ministro Paulo Guedes quando ele diz que não vai furar o teto. Isso seria um desastre para o Brasil do ponto de vista dos mercados internacionais. Afugentaria os investidores, colocaria a Bolsa de Valores Brasileira, a B3, em polvorosa. O dólar subiria e teríamos um desastre econômico, além de uma repercussão internacional pior do que já está", defendeu.
*Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza