A pandemia, que impôs o distanciamento social, e o avanço das compras on-line vão diminuir em, pelo menos, 19,7% as contratações temporárias no varejo neste fim de ano. O número de contratados deve cair de 88 mil trabalhadores para um total de 70,7 mil, de acordo com estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Todos os estados sofrerão os impactos da conjuntura. São Paulo, com previsão de empregar 17,90 mil pessoas, Minas Gerais (8,33 mil), Rio de Janeiro (6,92 mil) e Rio Grande do Sul (6,02 mil) concentrarão mais da metade (55%) das vagas. No Distrito Federal, serão apenas 1,01 mil novos contratados.
A incerteza quanto à capacidade da economia e do consumo em sustentar o ritmo de recuperação nos próximos meses deverá fazer com que a taxa de efetivação dos trabalhadores temporários após o Natal seja a menor dos últimos quatro anos, quando, em média, 30% dos trabalhadores temporários contratados costumavam ser efetivados. Antes mesmo da pandemia de 2020, as sucessivas crises econômicas que abalaram o Brasil fizeram com que as empresas postergassem as aberturas de oportunidades. De acordo com a CNC, até 2014, a temporada de oferta de vagas no varejo costumava iniciar entre setembro e novembro.
“Entretanto, com a recessão de 2015 e 2016 e da lentidão na recuperação do consumo desde então, o setor passou a concentrar cada vez mais as contratações de temporários em novembro e dezembro. Entre 2009 e 2014, 21% das vagas eram preenchidas até outubro. Nos últimos cinco anos, esse percentual passou para 13%”, aponta a CNC. Esse ano, para o Natal, principal data comemorativa do varejo, a previsão é de movimentação financeira de R$ 37,5 bilhões, ajudada pela inflação baixa, juros básicos no piso histórico e pelo auxílio emergencial, uma das medidas do governo para mitigar os impactos da contaminação pelo coronavírus.
Salário maior
Os que tiveram a sorte de conseguir um emprego temporário vão encontrar um salário médio de admissão um pouco maior (4,6% em termos reais) que o oferecido nas festas de fim de ano de 2019. De acordo com a CNC, o ganho mensal em 2020 deverá alcançar R$ 1.319, em média. O maior salário de admissão deverá ser pago pelas lojas especializadas em produtos de informática e comunicação (R$ 1.618), seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$ 1.602). Esses segmentos, contudo, empregam poucas pessoas; e respondem por apenas 7% das vagas totais a serem criadas.
Áreas mais demandadas
Nove em cada 10 vagas criadas deverão ser preenchidas pelas cinco ocupações mais demandadas nesta época do ano: vendedores (34.659), operadores de caixa (12.149), atendentes (8.276), repositores de mercadorias (6.979) e embaladores de produtos (2.954). Mesmo assim, quanto aos vendedores, o número de vagas deve cair 25% em relação a 2019, pela redução do consumo presencial, com o avanço do varejo eletrônico. As lojas de vestuário e calçados sempre foram as mais empregadoras no período do Natal. Mas este ano, a oferta de vagas no segmento (30,7 mil) deverá cair pela metade dos 59,2 mil postos de 2019.
Artigos de uso pessoal e doméstico (com expectativa de 13,7 mil vagas) e hiper e supermercados (13,4 mil), somados ao ramo de vestuário, vão responder por cerca de 82% das vagas do varejo. As previsões da CNC são com base em aspectos sazonais históricos das admissões e desligamentos no comércio varejista, registrados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e consideram um cenário de variação de alta de 2,2% das vendas de Natal em 2020.