O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as projeções para a economia mundial. A nova previsão do relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial), divulgado hoje em Washignton, é de encolhimento de 4,4%, em 2020. Em junho, era de tombo de 4,9% no Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país). No entanto, apesar de “menos severa”, a previsão do Fundo é de recuperação “longa, irregular e incerta”. Para 2021, as perspectivas também foram melhores, com crescimento de 5,2% no PIB mundial, pouco abaixo dos 5,4% estimados em junho.
No Brasil, o recuo será de 5,8% neste ano, segundo o FMI. O percentual é melhor do que a queda de 9,1% prevista em junho, mas ainda mais pessimista do que as projeções do mercado e do governo brasileiros: baixa de 5,03%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, e de 4,07%, de acordo com o Ministério da Economia. A retração é ainda mais modesta que a divulgada pelo Banco Mundial, de 5,04%, em 2020. Para o ano que vem, o FMI projeta crescimento de 2,8% no PIB brasileiro, abaixo dos 3,6% previstos no relatório de junho.
O relatório alerta para o fato de que o mundo começa a sair do momento mais crítico causado da pandemia, desde abril, mas muitos países que abriram a economia estão retornando ao lockdown. “Enquanto a recuperação da China foi mais rápida do que o esperado, a longa ascensão da economia global de volta a níveis de atividade pré-pandemia permanece suscetível a reveses”, alerta o FMI. No mundo, mais de um milhão de pessoas já morreram, e o número de infectados supera os 38 milhões. O Brasil, com mais de 150 mil óbitos, é o terceiro com o maior número de infectados, mais de 5 milhões.
Os economistas do Fundo dizem que a revisão nas projeções mundiais foi principalmente por resultados do segundo trimestre no PIB de grandes economias avançadas, que não foram tão negativos como esperado inicialmente, e indicam recuperação mais forte no terceiro trimestre. Ressaltam ainda que a China voltou a crescer de maneira mais vigorosa. E ressaltam que os resultados "teriam sido muito mais fracos" não fosse a resposta fiscal, monetária e regulatória "rápida e sem precedentes", que garantiu renda para a população e protegeu o fluxo de caixa para empresas. As ações evitaram uma "catástrofe financeira" como a ocorrida em 2008 e 2009.
Desemprego
Apesar das medidas de apoio tomadas por vários governos, o FMI relata que o nível de emprego continua "bem abaixo dos níveis pré-pandemia", e outros vários milhões de trabalhadores correm risco de perder seus postos se a crise continuar. Para o Brasil, o FMI vê taxa de desemprego de 13,4% neste ano e de 14,1% em 2021. A pandemia poderá, ainda, destaca o Fundo, reverter os progressos que vêm ocorrendo desde 1990 na redução da pobreza e desigualdade globais.
Segundo o FMI, 90 milhões de pessoas ao redor do mundo poderão ser levadas à extrema pobreza (com renda diária de até US$ 1,90, ou cerca de R$ 10), em 2020, em consequência da pandemia. Os economistas do Fundo consideram provável que, enquanto houver riscos à saúde, a atividade econômica continuará reduzida. "A recuperação não é garantida enquanto a pandemia continuar a se propagar", diz o relatório.