Pandemia

Banco Mundial projeta queda menor do PIB do Brasil em 2020

Previsão é de que o Produto Interno Bruto registre -5,4% neste ano, melhor que a projeção divulgada no início da pandemia (-8%). Órgão também estima uma recuperação de 3% em 2021

O Banco Mundial acredita que os piores impactos sanitários e econômicos da pandemia da covid-19 estão na região da América Latina e do Caribe. Porém, melhorou a projeção para o crescimento brasileiro neste ano. O órgão revisou de -8% para -5,4% a perspectiva de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e ainda passou a projetar uma recuperação de 3% para o Brasil em 2021.

A nova projeção do Banco Mundial para o PIB do Brasil foi divulgada nesta sexta-feira (9/10) e não é isolada. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também revisaram, recentemente, as perspectivas para a economia brasileira em 2020, assim como vem fazendo o mercado financeiro. Afinal, medidas como o auxílio emergencial têm ajudado a acelerar a recuperação brasileira.

O Banco Mundial ainda vai apresentar os detalhes por trás dessa revisão, na próxima semana, mas confirmou, nesta sexta-feira, que o efeito multiplicador de transferências de renda, como o auxílio emergencial, tem sido significativo na atividade econômica da América Latina. "Os pacotes de estímulo formulados pelos diversos governos da região foram, muitas vezes, robustos, apesar das limitações fiscais, e muitos dos recursos adicionais foram para as transferências sociais", lembrou.

"Apesar da perspectiva negativa, há alguns sinais de que o impacto pode ser menos grave do que o temido inicialmente. O comércio global de bens está retornando aos níveis anteriores à crise e os preços das commodities se mantiveram relativamente bem. Após um forte declínio inicial, as remessas estão, de maneira geral, mais altas do que há um ano. E alguns países perderam acesso aos mercados financeiros internacionais", acrescentou a instituição.

O organismo multilateral alertou, por sua vez, que o número de mortes por covid-19 ainda é alto em boa parte da América Latina. Por isso, disse que os governos da região devem continuar protegendo os mais vulneráveis, oferecendo saúde e segurança. Como vem dizendo o governo brasileiro, o Banco Mundial também reconhece, por outro lado, que é preciso retomar o caminho da consolidação fiscal, já que a dívida pública dos governos latino-americanos aumentou bruscamente na pandemia.

"Os auxílios emergenciais podem continuar a ser necessários no momento, mas os países terão de encontrar maneiras de voltar ao equilíbrio fiscal. Reorientar impostos e despesas públicas de forma a apoiar a criação de empregos, a prestação de serviços e o desenvolvimento da infraestrutura é necessário para colocar a região de volta no trilho do crescimento inclusivo e sustentável", alertou o Banco Mundial.

América Latina e Caribe

Diferentemente do que fez com o Brasil, o Banco Mundial piorou a projeção de crescimento da América Latina e do Caribe, de -7,2% para -7,9%. A revisão é fruto de uma perspectiva mais pessimista para o PIB de países como Argentina (-12,3%), Chile (-6,3%) e Bolívia (-7,3%). "Os países na região estão sofrendo com a redução na demanda externa, maior incerteza econômica, o colapso no setor de turismo e as consequências de meses em confinamento para tentar conter a propagação da doença", afirmou a instituição.

Se confirmada essa previsão, a América Latina e do Caribe será a mais atingida pela pandemia de covid-19 no mundo. “Nossa região está sofrendo os piores impactos econômicos e sanitários da covid-19 no mundo, o que requer clareza na forma de combater a pandemia e colocar as economias de volta nos trilhos para uma recuperação rápida”, comentou o vice-presidente do Banco Mundial para a Região da América Latina e do Caribe, Carlos Felipe Jaramillo.

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