Mais de um milhão de cadastros já foram realizados no PIX - sistema de pagamentos instantâneos brasileiro que começa a operar em 16 de novembro e recebe cadastros a partir desta segunda-feira (5/10). A informação é do Banco Central (BC).
Segundo o BC, a marca de um milhão de chaves PIX foi alcançada por volta das 12h30 desta segunda-feira. Isto é, cerca de três horas e meia após o início dos cadastros. É que o interesse pelo sistema já começou grande, com 50 mil chaves registradas só na primeira hora de cadastros, entre as 9h e as 10h.
"Tivemos pouco mais de 50 mil chaves cadastradas na primeira hora. É um número bastante significativo, considerando que estamos na fase inicial. São as primeiras pessoas que estão realizando cadastros", revelou Carlos Eduardo Brandt, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central (Decem).
Logo depois de Brandt apresentar esse balanço à imprensa, o BC atualizou os números. A autoridade monetária informou que o número de chaves cadastradas no PIX chegou a 140 mil às 11h, chegou perto dos 200 mil pouco antes das 11h30 e bateu a marca de 1 milhão uma hora depois. "Isso indica o nível de expectativa e o nível de valor agregado que as pessoas estão vislumbrando no PIX", comentou Brandt.
O BC garantiu que, apesar da alta procura, não houve problemas significativos na largada dos cadastros do PIX. "Não tivemos qualquer problema na plataforma. A plataforma está totalmente operante, realizando os cadastramentos de forma adequada", afirmou o chefe-adjunto do Decem. Ele admitiu, por sua vez, que houve "questões pontuais" com a conectividade de algumas instituições financeiras, mas considerou "algo normal em um sistema que está entrando em funcionamento".
A autoridade monetária, contudo, ainda não tem uma expectativa de quantas chaves devem ser registradas, ao todo, no sistema. Os principais bancos brasileiros também não revelaram essa projeção. A expectativa, porém, é de que boa parte dos consumidores e das empresas brasileiras faça a adesão ao PIX.
"A partir do momento em que a gente consegue levar mais conhecimento às pessoas e às instituições e consegue fomentar, para que as pessoas conheçam o que é o PIX, e depois que fizer o PIX pela primeira vez, a pessoa vai querer fazer sempre, porque a jornada é muito fácil", afirmou a assessora do Decem, Mayara Yano.
O PIX é o sistema de pagamentos instantâneos que promete realizar pagamentos e transferências bancárias em, no máximo, 10 segundos, a qualquer hora do dia e a qualquer dia do ano, de maneira segura e barata.
O sistema será gratuito para os consumidores pessoa física. Para as pessoas jurídicas e os empresários individuais, que vão utilizar o PIX para receber pagamentos provenientes da venda de produtos ou serviços, haverá a cobrança de uma tarifa. Essas taxas serão definidas pelas instituições financeiras que vão operar o PIX, mas o BC garante que deve ser inferior às taxas já existentes no mercado, como as de cartões, DOC e TED. Brandt explicou que um PIX vai custar apenas 1 décimo de centavo de real.
Chave
O pagamento instantâneo poderá ser feito por meio dos aplicativos bancários que já são usados pelos consumidores brasileiros, mediante a apresentação dos dados bancários ou de uma chave simplificada. É essa chave que pode ser registrada a partir desta segunda-feira, também por meio dos canais digitais dos bancos.
Brandt explicou que não é obrigatório cadastrar uma chave PIX para receber um pagamento instantâneo. Mas disse que, sem essa chave, será preciso apresentar todas as informações bancárias do recebedor para enviar um PIX. Ou seja, apresentar o CPF, o banco, a agência e o número da conta, como ocorre com o TED e o DOC hoje em dia.
Tendo o registro, contudo, o pagador só vai precisar informar a chave do recebedor para fazer essa transação. Ou seja, basta informar essa chave, que pode ser o CPF, o telefone, o e-mail ou o código do recebedor do pagamento, e confirmar as informações que serão apresentadas pelo sistema para efetuar a transação.
"É uma identidade facilitada que vai simplificar o envio do PIX. A pessoa vai ligar determinada informação, seja telefone, CPF ou qualquer das chaves elegíveis, às informações da conta. E, quando for iniciar o pagamento, basta utilizar a identificação facilitada do cliente para fazer o pagamento. (...) É um instrumento de conveniência", explicou.
O chefe-adjunto do Decem concluiu que a chave vai permitir uma experiência fluida, fácil e rápida no PIX. E brincou dizendo que, sem a chave, o cliente vai ter trabalho de informar seus dados bancários ao pagador e ainda vai dar trabalho ao pagador, que terá de digitar todas essas informações na hora da transação, em vez de apenas selecionar o número do celular, por exemplo.
"É para que possamos, a partir de novembro, de maneira facilitada, usar a identificação facilitada para ganhar velocidade e perder a necessidade dos passos adicionais que precisamos fazer em TED ou DOC", concluiu Brandt, em uma live de esclarecimentos sobre as chaves do PIX, realizada na manhã desta segunda-feira no canal do YouTube do BC.
Atenção
Cadastrar a chave do PIX, porém, também requer atenção. O BC explica que, como será o meio de identificação da conta bancária no sistema de pagamentos instantâneos, a chave não pode ser associada a mais de uma conta.
Ou seja, se tem mais de uma conta, o consumidor precisa escolher uma chave diferente para cada uma delas. E o que vai valer é o primeiro cadastro. Isto é, se registrou o CPF em uma conta, o cliente não vai conseguir registrar o CPF em outra conta depois disso, pois o sistema vai perceber que essa chave já existe. Logo, esse cliente vai precisar cadastrar chaves alternativas, como o telefone e o e-mail. A mesma conta, contudo, pode ter até cinco chaves diferentes.
Além disso, mesmo quem fez o pré-cadastro no aplicativo do seu banco nas últimas semanas vai precisar confirmar o registro da chave PIX a partir desta segunda-feira. E é importante fazer esse cadastro sempre no ambiente on-line do seu banco, seja no aplicativo seja no internet banking, para evitar fraudes.
Segundo o BC, depois que entrar nesses canais, o cliente deve registrar sua chave. Logo depois, vai receber, por meio de outro canal de comunicação, como o SMS, um código de verificação que deve ser inserido no aplicativo bancário para confirmar o cadastro.
"É uma confirmação ativa, que visa a segurança plena do sistema", frisou Brandt. Ele pediu, por sinal, que as pessoas não entrem em links que, porventura, cheguem por e-mail oferecendo o cadastro no PIX. Afinal, já foram identificadas tentativas de fraude por meio desse mecanismo, com o objetivo de capturar os dados pessoais e bancários dos consumidores.
Não é preciso, contudo, correr para fazer o registro das chaves. Segundo o BC, o cadastro foi aberto pouco mais de um mês do início das operações do PIX para evitar um tumulto digital nos primeiros dias dos pagamentos instantâneos. Porém, vai continuar aberto. Por isso, ainda será possível se registrar no sistema após 16 de novembro. "As pessoas podem cadastrar a chave a qualquer momento, não há nenhum limite", garantiu Brandt.
Da mesma forma, o consumidor poderá fazer ajustes nas suas chaves com o passar do tempo, trocando ou acrescentando novas formas de identificação no PIX. Se constatar que o seu celular já está cadastrado em uma conta que não é sua, também é possível procurar o banco para reivindicar a posse dessa chave.
Os cadastros estão disponíveis das 8h às 20h nos canais digitais das instituições financeiras que já estão aptas a operar o PIX. Já são 677 instituições, segundo o BC. No entanto, também é possível apresentar seus dados ao sistema fora desse horário. O que vai acontecer, nesse caso, é que o cadastro só será efetivado quando o horário oficial de registro for reaberto.