A briga entre o governo e médicos peritos federais está longe de acabar. A categoria foi pressionada para retornar ao trabalho presencial, porém, conforme a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), agora que todos estão a postos — à exceção dos que integram grupos de risco para a covid-19 ou de férias —, as perícias não são agendadas.
A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e o Instituto Nacional do Seguro Social, em nota conjunta, informam que, nesta sexta-feira, de 1.130 peritos médicos federais (71%) que deveriam ter retornado às agências, 808 compareceram. “Foram realizadas, até às 17 horas, 7.177 perícias presenciais. Esses atendimentos ocorreram em 248 agências”, destaca a nota.
Detalhes e informações sobre os atendimentos podem ser consultados no site covid.inss.gov.br. Mas, em ofício, a ANMP cobrou agilidade ao secretário Bruno Bianco para as agendas incompletas ou vazias. “A ANMP e a categoria foram duramente acusadas por vossa secretaria, pelo INSS e pela mídia de não querer retornar ao trabalho, causando grave prejuízo aos segurados”, afirma a associação. Porém, após vistoria técnicas, “qual a nossa surpresa de constatar que, ao longo dos últimos dias, agendas de centenas de peritos médicos federais, em diversas unidades da Federação, não estão sendo completadas em sua integralidade com segurados.”
Em setembro, o governo chegou a ameaçar os peritos com corte de ponto e cerrada vigilância aos profissionais que não iam às agência do INSS, mas trabalhavam em seus consultórios particulares, fazendo com que a fila de perícias para os que mais precisavam crescesse, de acordo com o secretário Bruno Bianco. “Onde estão esses 600.000 segurados ‘passando necessidade’ aguardando perícia médica, conforme alardeado publicamente pela vossa secretaria, se os peritos médicos voltaram às agências mas estas estão vazias ou incompletas?”, questionam os peritos.
Por fim, a ANMP, no ofício, solicita, em caráter de urgência, que a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho tome medidas imediatas para atuar junto à Subsecretaria de Perícia Médica Federal e ao INSS para resolver “essa falta de gestão grave que afeta milhares de cidadãos por dia”. De acordo com a ANMP, os peritos não fizeram corpo mole ou exigências descabidas. “Estávamos exigindo o mínimo de respeito aos servidores e usuários dos equipamentos públicos da autarquia previdenciária, que estava completamente despreparada”.