Diante de um dos piores tombos históricos quanto às relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, os dois países firmaram um pacote de acordos, considerado, ainda que distante, um primeiro passo em direção às tratativas de livre-comércio. Na prática, a aproximação entre as duas maiores economias do continente americano funciona como estratégia para ganhar espaço em relação à China, atualmente o principal parceiro do Brasil no fluxo de importação e exportação de bens. O embate pela implementação da tecnologia 5G se destaca nesta disputa, com sinalização pelo governo americano de investimento nas empresas de telecomunicações brasileiras, a fim de barrar negociações avançadas com concorrentes chineses.
Durante uma conversa com jornalistas em Brasília, na manhã desta terça-feira (20/10), o diretor para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional, Joshua Hodges, reiterou a fala do conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Robert O'Brien, de que a escolha pela empresa chinesa Huawei para implementar o 5G poderia fazer com que os dados brasileiros fossem “decifrados” pela China.
“É importante ter transparência, o que a China e a Huawei não apoiam. Os Estados Unidos se preocupam que eles utilizem dados e tecnologia para o benefício do Estado e não das pessoas”, alertou Hodges, ressaltando que o Brasil tem liberdade de negociações com fornecedores chineses, mas que as opções americanas não se baseiam em uma “diplomacia predatória” .
A Huawei é a maior empresa de equipamentos de telecomunicações do mundo e já tem negociações anteriores com boa parte das empresas brasileiras. Nos EUA, a gigante chinesa é proibida de operar. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro estuda banir o fornecimento dos serviços e tecnologia 5G.
Em meio às ameaças, outras grandes empresas globais se posicionam na disputa, já que o governo do Brasil planeja fazer um leilão para a implementação do 5G em 2021, ainda sem data definida. A delegação norte-americana sinalizou subsídio para afastar a concorrente chinesa e se mostrou apta a discutir financiamento para troca de materiais da empresa que já estão implementados no Brasil.
Questionados sobre o montante disponível para subsídio às empresas de telecomunicações, os representantes da delegação norte-americana frisaram que a verba pode vir tanto de fundo do Banco de Importação e Exportação, que tem US$ 135 bilhões disponíveis para financiamento e aquisição de equipamentos e tecnologias de telecomunicação, além de outros US$ 60 bilhões vindos da Corporação Financeira dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (DFC, abreviação em inglês) para o mesmo fim.
Na visita ao Brasil, a delegação norte-americana assinou duas cartas de intenção para investimentos de US$ 559 milhões, com recursos provenientes da DFC. Os projetos são relativos à modernização de infraestrutura pública e instalação de pontos gratuitos de Wi-Fi, além de auxílio às pequenas e médias empresas. Somado aos projetos já em andamento, os investimentos pela DFC no país estão na casa dos US$ 2 bilhões. Para ressaltar o interesse dos Estados Unidos no mercado brasileiro de tecnologia, a presidente do Eximbank, Kimberly Reed, destacou a formação "da maior delegação americana das últimas décadas".
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