CB.Agro

Interesses comerciais também pautam críticas ao Brasil no exterior, afirma diretor-geral do Senar

Daniel Carrara ressalta que incêndios na vegetação não são "um privilégio nosso" e que ocorrem em outros países. Dirigente destaca eficiência do agronegócio

Edis Henrique Peres*
Bruna Pauxis*
postado em 09/10/2020 17:37 / atualizado em 09/10/2020 22:36
Carrara citou o aumento do dólar como um fator positivo para os produtores rurais e destacou que o auxílio emergencial tem produzido maior circulação de dinheiro -  (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Carrara citou o aumento do dólar como um fator positivo para os produtores rurais e destacou que o auxílio emergencial tem produzido maior circulação de dinheiro - (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Daniel Carrara, disse que não se pode negar as críticas sofridas pelo Brasil no exterior por causa dos incêndios na Amazônia e no Pantanal e pela política do governo para o meio ambiente. Ele ressaltou, no entanto, que nesses discursos também há o interesse comercial dos países que competem com o Brasil.

“O Senar não atesta nenhuma ação ilegal, mas também não atestamos que o Brasil Agro todo esteja pegando fogo”, disse, em entrevista ao programa CB.Agro, parceria entre o Correio e a TV Brasília. Ele citou os incêndios nos outros locais do país, como São Paulo e Rio Grande do Sul, e os de países estrangeiros, como África do Sul e Estados Unidos. “Não é um privilégio nosso pegar fogo e também não é desejável que pegue fogo. Se tem um incêndio criminoso, descubra e puna”, defendeu.

Carrara também comentou a alta de 6,75%, de janeiro a julho de 2020, do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, na comparação com igual período do ano passado. Para ele, a elevação é resultado de o setor “não parar de trabalhar” e afirmou que, nos últimos anos, os trabalhadores rurais passaram a trabalhar “com eficiência e fazendo conta”.

Ele citou o aumento do dólar como um fator positivo para os produtores rurais e destacou que o auxílio emergencial tem produzido maior circulação de dinheiro. “Quando aumenta a renda, melhora a comida no prato”, disse.

Sobre a inflação, Carrara culpou a seca pela diminuição da produção e usou como exemplo o leite. “Está faltando leite no mercado. Nós praticamente não exportamos leite, o consumo é interno, mas estamos devendo, pois está faltando, principalmente, em função das condições climáticas”, contou.

De acordo com Carrara, o Senar busca “tirar a tecnologia da prateleira, onde ela foi criada, nas universidades, na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e colocá-la em prática dentro da propriedade rural, mas com uma avaliação da adequação daquela tecnologia para a realidade do produtor, visando renda”. Conforme ressaltou, nem sempre as principais tecnologias são adequadas para determinado produtor e que a assistência oferecida pelo Senar é uma consultoria feita por um grupo de produtores de uma mesma cadeia, junto a técnicos, que fazem um trabalho complementar aos da Empresa de Assistência Técnica e Manutenção Rural (Emater). 

Carrara frisou que os produtores de grãos do cerrado são de médio a grande porte e, por isso já têm suas equipes, diferentemente dos que produzem gado de corte e leite, que usam a assistência do Senar.

Formação para produtores

Segundo Carrara, o Senar oferece mais de 1.500 cursos no país e que todos são ministrados, também, na região do cerrado. No Distrito federal, por exemplo, os mais requisitados são de hortaliças e mel. Além disso o órgão disponibiliza, há 10 anos, educação a distância para os produtores rurais. “Entramos na educação a distância para tentar atender o maior número de produtores possíveis. Só conseguiríamos atender um país deste tamanho, com cinco milhões de produtores em todos os níveis, desde o grande produtor até o de subsistência, que planta para sobreviver, por intermédio da educação a distância”, explicou.

A plataforma possui mais de 90 cursos, todos gratuitos, que podem ser acessados pelo site www.senar.org.br, além de vários cursos presenciais e alguns com 20% presencial e 80% a distância. “Cursos para formar o produtor e a família do produtor. Temos uma linha de ação de inclusão digital, principalmente, para pessoas jovens. Mas não só a formação inicial e continuada, que é aquela operacional, que é o maior volume que a gente faz, mas temos também o nosso curso técnico, de gestão de agronegócio. Hoje, a gestão é fundamental, e o produtor rural tem dificuldade em trabalhar com gestão”, esclareceu.

A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também possui faculdade que oferece cursos tecnólogos, de ensino superior, voltados para a gestão, e alguns totalmente a distância. Carrara relatou que, em janeiro, foram disponibilizados 53 polos em nível nacional, o que gera 1,5 milhão de certificados por ano no país.

“Um volume muito grande de formação, de capacitação, desde a formação básica, de ensinar a fazer uma planilha de Excel, até técnicas de agropecuária de baixo carbono, que é o que tem de mais moderno no mundo”, ressaltou.



Veja a entrevista completa 

Escute o podcast

*Estagiários sob a supervisão de Cida Barbosa


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