Ao mesmo tempo em que pressiona a receita dos grandes bancos, o baixo custo do Pix deve favorecer a inclusão financeira e a formalização dos consumidores e dos negócios brasileiros. A avaliação é da diretoria do Banco Central (BC), que vai colocar o sistema de pagamentos instantâneos no ar em 16 de novembro.
"Toda essa agenda de open baking e do Pix, em particular, vai ser uma grande indutora da inclusão financeira e, em última instância, de formalização. Na hora que você inclui financeiramente, é um passo para conseguir se formalizar, obter crédito. É um processo natural que ocorrerá com o desenrolar da Agenda BC#", afirmou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, em webinar realizado nesta terça-feira (6/10) com o setor jurídico.
O diretor lembrou que, além de oferecer pagamentos rápidos e uma experiência simples, o Pix promete tarifas mais baratas para os brasileiros. Os consumidores, por exemplo, poderão fazer transferências instantâneas gratuitamente. E os empresários que vão usar o Pix para receber pagamentos também estarão sujeitos a custos menores que os atuais à medida que o Pix entra no mercado, segundo o BC.
Mello disse, então, que é uma fórmula sem erro para a inclusão financeira. "Com preços baixos, é natural que tenha inclusão. Lembrando que a inclusão e a digitalização foram beneficiadas pelo enorme processo de inclusão financeira que a gente fez na pandemia e o aumento do costume das pessoas de usarem os meios digitais", concluiu o diretor. "A tecnologia tem a capacidade de trazer toda a população brasileira para o sistema financeiro", acrescentou o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso.
Papel-moeda
Diante dos estudos que apontam uma redução significativa das receitas dos bancos, João Manoel Pinho de Mello acrescentou que o Pix também vai trazer outras oportunidades para as instituições financeiras. A expectativa é que o Pix reduza o uso do papel em moeda, reduzindo os gastos com transporte e segurança de numerário, que hoje representam um custo expressivo para os bancos.
Além disso, os bancos esperam ampliar sua base de clientes por conta desse processo de inclusão financeira e oferecer novos produtos a partir do Pix, para criar novas receitas. Logo, dizem que será possível equalizar o impacto financeiro do Pix.
Mello reforçou que os bancos podem usar o sistema para criar novas soluções e negócios, dizendo que "o Pix é uma plataforma multifuncional flexível, sobre a qual vários modelos de negócio são poder surgir". Ele lembrou que o próprio Banco Central tem uma agenda evolutiva para o sistema de pagamentos instantâneos.
Novos serviços
A ideia do BC é que, a partir do próximo dia 16, o Pix permita pagamentos e transferências instantâneas, mas ganhe novos serviços a partir daí. Na agenda evolutiva, já estão, por exemplo, a possibilidade de usar o Pix para fazer saques no varejo, para fazer pagamentos por aproximação e para receber pagamentos via QR Code mesmo quando estiver sem acesso à internet.
Em 2022 ou 2023, segundo Mello, também deve ser feito um processo de internacionalização do Pix, para que seja possível fazer pagamentos instantâneos para outros países. Mas, em paralelo a isso, os bancos podem criar novos serviços que o BC ainda não consegue nem vislumbrar, segundo Mello. "Nosso papel é colocar a tecnologia disponível para que o mercado faça suas inovações", alegou.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.