Por Edis Henrique Peres*
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou em alta nesta quinta-feira (01/10), no entanto investidores se preocupam com instabilidade política e falta de consenso no discurso no governo. A Ibovespa marcou 95.478 pontos, um aumento de 0,93%, enquanto o dólar fechou em alta de 0,65%, cotado a R$5,6546, o maior valor desde maio. A moeda brasileira não conseguiu aproveitar o momento de queda global do dólar e ganhou o posto de pior divisa de 2020, com uma desvalorização de 40,11%.
Davi Lélis, assessor da Valor Investimentos, explica a alta do Ibovespa. “As ações que acompanham a Ibovespa são selecionadas e as mais negociadas na bolsa brasileira. Quando a Ibovespa sobe, significa que as ações dessas empresas estão subindo. No final do pregão, as pessoas podem ter ficado otimistas, porque várias ações tinham caído bastante e, por julgarem que os preços já estavam baratos, compraram um grande número de ações”, conta.
Davi Lélis afirma que a bolsa está com volatilidade acima da habitual e que flutuações devem continuar no mês de outubro. O especialista explica que a situação fiscal do país é uma preocupação para os investidores. “Tivemos um atrito entre o que foi proposto pela Renda Cidadã e como o mercado precificou isso. O mercado ficou desconfiado, pois de onde vai ser retirado os recursos para esta renda? Quem arca com o custo fiscal desse projeto? Todo esse cenário traz incerteza, o que abala a bolsa”, avalia Lélis.
William Teixeira, head de renda variável da Messem Investimentos, acredita que alinhamento do discurso dos ministros e presidente é capaz de estabilizar a flutuação do dólar. Ele ressalta a importância da responsabilidade fiscal para atrair os investidores: “há espaço para uma baixa no valor do dólar, mesmo neste último trimestre, se ocorrer um alinhamento dos discursos do governo e seriedade na responsabilidade fiscal”.
Lélis também alerta para o risco dos efeitos colaterais do auxílio emergencial. “Diante da pandemia, o governo fez uma injeção de dinheiro muito grande na economia. O medo é o remédio ter agora um efeito colateral. Pois se há muito dinheiro em circulação, um velho fantasma, muito conhecido pelo brasileiro, volta: a inflação”, avalia Lélis. Contudo, o especialista pondera que a inflação ainda está controlada e que o aumento de alguns alimentos decorreu mais de um ajuste de oferta e demanda do que de pressão inflacionária.
“Empresas exportaram demais arroz, o que tornou a oferta dentro do país pequena, enquanto a demanda continuava a mesma. A consequência foi o aumento dos preços. Ou seja, ainda não vimos o efeito colateral da injeção de dinheiro na economia brasileira”, ressaltou.
Fatores externos também influenciam a cotação do dólar e as flutuações da Bolsa. Um deles, na avaliação de Davi Lélis, é a disputa entre Donald Trump e Joe Biden para Presidência dos Estados Unidos. “O debate foi muito inflamado, e Donald deixou claro que está agressivo e que até mesmo duvida do processo eleitoral do governo americano. Então fica aquela dúvida: se ele ganhar ele vai aceitar o método do sistema eleitoral, mas e se ele não ganhar? Como será essa troca de governo?”, questiona.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.