A balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 6,164 bilhões em setembro. O resultado é 62% melhor que o do mesmo mês do ano passado, mas é fruto de um recuo das exportações e, também, das importações.
Dados divulgados nesta quinta-feira (01) pelo Ministério da Economia revelam que, em setembro, as exportações somaram US$ 18,459 bilhões e as importações, US$ 12,296 bilhões. Houve, portanto, uma queda de 9,1% das exportações e um recuo de 25,5% nas importações, que já haviam desabado 25% em agosto.
De acordo com o resultado da balança comercial, a queda das exportações é reflexo de um decréscimo de 18,7% nas vendas externas da indústria de transformação, que foi puxado por plataformas, óleos combustíveis de petróleo, tabaco, frango e ferro. Por outro lado, as exportações da agropecuária voltaram a subir (3,2%), assim como as da indústria extrativa (9,2%).
Nas importações, o recuo também foi puxado pela indústria de transformação (-24,8%). Mas houve um recuo significativo na indústria extrativa (-50%) e uma desaceleração na agropecuária (-2,8%). No mês passado, o país comprou menos pescado, borracha, trigo, cacau e produtos hortícolas do exterior.
Subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão explicou que o resultado de setembro foi impactado negativamente pela base de comparação. É que, no mesmo mês do ano passado, o Brasil exportou uma plataforma de petróleo, que também foi acompanhada por importações. A Secretaria de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais calculou, então, que, se não fosse a plataforma, a queda das exportações seria de apenas 1,8% e a das importações, de 17,8%.
"A exportação vem crescendo em volume, mas este mês apresentou uma queda em valor, motivada por uma base de comparação alta", explicou Brandão. Ele disse, também, que é possível observar uma curva de recuperação nas importações, pois o choque das importações, sentido no início da pandemia, teria desacelerado de 35% em julho para 25% em agosto, e 17,8% em setembro, não fosse o efeito da plataforma de petróleo do ano passado.
Acumulado positivo
No ano, o Brasil acumula um saldo positivo de US$ 42,4 bilhões na balança comercial, fruto de US$ 156,7 bilhões de exportações e de US$ 114,3 bilhões de importações. O resultado é 18,6% maior que o do mesmo período do ano passado. Porém, aponta uma queda de 7% das exportações e de 14% das importações. É que, ao longo de 2020, o país elevou as exportações para a Ásia e para a Oceania, sobretudo as do agronegócio. Mas passou a vender menos para a Europa e para as Américas. E, junto a isso, passou a importar menos, tanto produtos agropecuários quanto industriais, devido à crise da covid-19.
Ainda assim, o governo melhorou as projeções para a balança comercial deste ano. A previsão para a queda das exportações reduziu de -10,2% para -6,5%, e a das importações passou de -17% para -12%. O saldo previsto para 2020, contudo, não mudou: superávit de US$ 55 bilhões, 14,4% maior que o de 2019.
Herlon Brandão explicou que a perspectiva para os próximos meses é de que as exportações continuem no nível atual, mas com preços melhores. Afirmou, ainda, que o atual nível mensal de exportações, apesar de ser menor do que o do ano passado, é elevado.
"Observamos uma exportação crescente até junho e, após junho, a exportação se mantém mais ou menos estável, em um volume alto. Apesar de, após junho, os volumes não serem crescentes no mesmo ritmo de antes, observamos uma melhora nos preços dos bens, com quedas menores, decorrente da melhora da demanda mundial", afirmou.
Aumento no consumo doméstico
Já pelo lado da importação, a expectativa também é de aumento, fruto do aquecimento do consumo doméstico. "É uma retomada da economia interna demandando mais bens importados. Observamos crescimento de produtos que não víamos antes, como insumos eletroeletrônicos", salientou Brandão.
Ele destacou ainda que "a balança comercial este ano tem um contexto muito específico, que é a crise global causada pela pandemia de covid-19". "Temos observado, mesmo com a crise e a demanda mundial, um volume crescente da exportação brasileira, principalmente ao longo do primeiro semestre, puxado por commodities e produtos alimentícios. E, por outro lado, uma importação decrescente, decorrente de redução da demanda interna. Isso faz com que o saldo comercial cresça e apresente valores altos e recordes mensais para superávits comerciais", observou o subsecretário.
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