Após mais um adiamento da sessão que pode derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha, o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que o governo não quer desonerar a folha "só para quem tem lobby em Brasília". Ele disse que a ideia é desonerar para todos, mas quer compensar a medida com "tributos alternativos" que sofrem resistência no Congresso.
"Estamos de acordo em não reonerar a folha. Queremos desonerar para todos e para sempre. Não só para quem tem lobby em Brasília e por mais um ano apenas", declarou Guedes, durante a apresentação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Ele acrescentou que o encargo sobre a folha de pagamento é o "mais cruel, o mais feio e o mais imundo dos impostos" e é o responsável pelo alto grau de trabalhadores informais no Brasil, que foram, em boa parte, revelados pelo auxílio emergencial. "Quarenta milhões de brasileiros foram excluídos do mercado de trabalho formal. É covardia deixá-los fora do mercado. Temos que facilitar a inclusão social, a dignidade do emprego próprio. E quem faz essa destruição é o imposto sobre a folha", avaliou Paulo Guedes.
O ministro, contudo, vem defendendo a criação de "impostos alternativos" para compensar a perda de arrecadação que deve ser sentida com a desoneração da folha. A ideia dele é criar um imposto de base ampla sobre as transações digitais, como a antiga CPMF. Porém, não encontrou respaldo do Congresso. Por isso, acabou até adiando a apresentação das próximas etapas da proposta do governo para a reforma tributária.
Guedes não falou muito do imbróglio desta vez, mas garantiu que a propostas para a reforma tributária serão apresentadas. O ministro não ficou na entrevista coletiva do Caged para responder aos questionamentos dos jornalistas sobre a saída encontrada para esse impasse, que tem elevado a pressão para a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha.
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse, então, que a questão está em estudo. "Os planos continuam os mesmos. Estamos estudando, aprimorando, revendo gastos e criando caminhos possíveis, caminhos técnicos e políticos, para viabilizar o que o governo entender como necessário", declarou. Ele disse que é preciso "aguardar um pouco" pelo desfecho dessa história.
Bianco, por sua vez, reforçou a necessidade de desonerar a folha. "O imposto sobre a folha onera claramente a empregabilidade. Tem efeitos nefastos sobre a empregabilidade", avaliou. O secretário assegurou ainda que o objetivo do governo é reduzir o custo da contratação e crias novas fontes de contribuição para a Previdência.