BANCO CENTRAL

Remessas de brasileiros no exterior para o Brasil batem recorde

Transferências de brasileiros que trabalham no exterior para familiares no país somou US$ 318 milhões em agosto, maior volume desde 1995. No ano, remessas somam US$ 2,1 bilhões

Apesar da recessão global provocada pela covid-19, os brasileiros que moram no exterior estão enviando mais recursos aos familiares no país — e em volumes recordes, conforme dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta-feira (23/09).

Em agosto, o BC registrou a entrada de US$ 318 milhões na rubrica transferências pessoais. É o maior valor para o mês desde 1995, início da série histórica, e representa aumento de 11,6% sobre os US$ 285 milhões computados no mesmo período de 2019.

“Os brasileiros que trabalham no exterior estão enviando mais recursos para o país. Isso reforça a interpretação de que a recuperação na economia internacional está com maior capacidade do que no país. Isso é um fator importante, porque eles estão conseguindo poupar mais no exterior para ajudar familiares”, destacou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. Ele fez a afirmaçção nesta quarta-feira (23/09), durante a divulgação da nota do setor externo que mostrou queda de 85,3% no volume de entrada de investimento direto no país (IDP) no mês passado.

Os dados do BC ainda mostram que, no acumulado do ano até agosto, o volume de remessas pessoais para o país somou US$ 2,1 bilhões, também o maior volume desde o início da série histórica para o mesmo período, de acordo com Rocha.

Balanço de pagamentos

Conforme dados do relatório do BC, o saldo em conta-corrente do país com o resto do mundo está positivo há cinco meses consecutivos e bateu recorde histórico para o período desde o início série, em 1995. Em agosto, o superavit no balanço de pagamentos foi de US$ 3,7 bilhões revertendo do deficit de US$ 3 bilhões registrado no mesmo intervalo de 2019. No acumulado em 12 meses até agosto, o deficit em transações correntes somou US$ 25,4 bilhões, o equivalente a 1,64% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo do saldo negativo de US$ 32,2 bilhões computados no mesmo período até julho.

A melhora do saldo do balanço de pagamentos, segundo Rocha, está relacionada com o aumento do superavit da balança comercial e com a redução do deficit na conta de serviços, puxada, principalmente, pela forte queda dos gastos de brasileiros no exterior em viagens.

O deficit na conta de serviços somou US$ 1,3 bilhão em agosto, recuo de 39,6% na comparação ao resultado do mesmo mês de 2019, de US$ 2,2 bilhões. Na conta de viagens internacionais, as despesas líquidas encolheram 85,4% na comparação interanual, passando de US$ 842 milhões para US$ 213 milhões. A queda de 80,5% nas despesas líquidas com transporte, de US$ 477 milhões para US$ 93 milhões, também contribuiu para a redução do saldo negativo na conta de serviços em agosto, lembrou Rocha. 

As exportações registraram recuo de 9,8% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2019, somando US$ 17,8 bilhões. Já as importações desabaram 26,8%, para US$ 11,9 bilhões, como reflexo da recessão. No acumulado do ano, as exportações e as importações registraram queda de 7,1% e de 12,4%, respectivamente, resultando em um superavit comercial de US$ 31,9 bilhões, acima dos US$ 27,5 bilhões observados no mesmo período de 2019. 

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