Planalto

Bolsonaro impõe condições ao financiamento do Renda Brasil

Segundo Ricardo Barros, o presidente deu orientações sobre as alternativas que podem constar no relatório do senador Márcio Bittar para criar programa de renda básica

Para evitar novos desgastes políticos no processo de construção do novo programa social do governo, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro quais fontes de financiamento podem entrar no parecer do senador Márcio Bittar (MDB-AC). O assunto foi discutido nesta quarta-feira (23/09) no Palácio do Planalto, em reunião entre a cúpula do governo e líderes partidários.

"O senador Márcio Bittar recebeu do presidente as orientações de quais alternativas poderá escolher para colocar no seu relatório", avisou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), após a reunião. "O senador Márcio Bittar está fazendo um excelente trabalho e está submetendo as decisões ao presidente, vai ser encaminhado", reforçou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que, na semana passada, teve toda a equipe ameaçada com um cartão vermelho de Bolsonaro pelos estudos que propunham o congelamento de aposentadorias e pensões como uma forma de bancar o Renda Brasil.

Ricardo Barros destacou que todas as propostas do governo vão respeitar o teto de gastos e o rigor fiscal. Ele disse também que, além de passarem pelo crivo de Bolsonaro, todas essas propostas serão negociadas com os líderes partidários. "A consulta aos líderes é fundamental. Portanto, não há nenhuma afirmação que possamos fazer de que isso ou aquilo estará dentro do texto a ser apresentado", destacou Barros, referindo-se tanto à proposta de criar um novo programa social, quanto à reforma tributária.

Relator do pacto federativo e do Orçamento de 2021, Márcio Bittar quer incluir a criação de um programa social, que substitua o Bolsa Família e o auxilio emergencial em 2021, nos seus relatórios. Porém, vem tendo dificuldades para financiar essa política de renda básica, tanto que adiou para a próxima semana a apresentação do parecer do pacto federativo e ainda não fez comentários sobre a conversa desta quarta-feira com Bolsonaro.

A dificuldade de Bittar explica-se porque há pouca margem para remanejamento de recursos no Orçamento de 2021 e o presidente Bolsonaro já vetou, com duras críticas à equipe econômica, propostas como a revisão do abono salarial e o congelamento das aposentadorias e pensões. Foi por conta do desgaste criado por essas propostas, por sinal, que Bolsonaro delegou ao Congresso a missão de destravar esse assunto.

Paulo Guedes, que também participou da reunião desta quarta-feira, por sua vez, continua defendendo a desindexação do Orçamento como uma forma de liberar recursos para o novo programa social do governo.

Nesta quarta-feira, ele questionou se o Brasil está mais protegido com a indexação, que deixa o "dinheirinho carimbado, que corrige em 1,6%", ou com o retorno da gestão política do Orçamento. Ele alega que a desindexação é uma forma de liberar recursos, controlar o aumento dos gastos públicos e também devolver à classe política a gestão do Orçamento, que hoje é quase que totalmente consumido por despesas obrigatórias que crescem de forma automática ano a ano.

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