A tecnologia 5G pode revolucionar a produção agropecuária. É o que defende o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet. Em entrevista ao CB.Agro — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, ele afirmou que há grandes expectativas sobre as mudanças que estão a caminho no campo. E ressaltou que os avanços recentes na área são fruto de evolução tecnológica.
“O 5G já foi testado em outros países e vai permitir uma revolução em várias áreas. A baixa latência auxilia a mandar comandos e informações rapidamente. Você pode ter uma máquina apenas dando instruções para outras máquinas autônomas. Isso vai ser viabilizado pelo 5G e a ABDI vai fazer algo sobre isso”, explicou.
Ele revelou, também, que a entidade tem trabalhado para simplificar os processos que permitirão a chegada do 5G ao campo. “Aqui no Brasil há uma discussão que envolve o leilão de frequências para utilização da tecnologia. Na ABDI estamos conversando com a Anatel para que, no campo, não seja necessário esperar esses leilões. O produtor rural poderia utilizar a tecnologia em determinadas frequências. Nosso plano é fazer os testes para dizer à Anatel qual a frequência e a potência adequada para a utilização. Desta forma, podemos entregar dados dos testes para o gestor público tomar as melhores decisões sobre esse assunto.”
Versão 4.0
Calvet explicou que o plano Agro 4.0, organizado pela ABDI, vai financiar projetos que envolvam soluções tecnológicas na cadeia produtiva do agronegócio. A iniciativa é uma parceria com os Ministérios da Agricultura (Mapa), da Economia (ME) e da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Lançado em 3 de setembro, as inscrições vão até o dia 26.
“É um projeto que nos dá muito entusiasmo. Temos acompanhado a evolução da economia brasileira e o que temos visto é que precisamos em todos os setores de um aumento de produtividade. O modelo 4.0 consiste no uso de tecnologia para aumentar a produtividade e a competitividade. É um edital que vai destinar R$ 4,8 milhões para esses projetos.” Lançado em 3 de setembro, as inscrições vão até o dia 26.
Poderão enviar propostas empresas usuárias de tecnologias 4.0 do setor produtivo, vinculadas à Classificação Nacional de Atividades Econômicas — CNAE especificadas no edital, especialmente, produtores rurais e agroindústrias. Calvet explica que o objetivo é resolver problemas no campo, como a falta de conectividade.
“Esses projetos precisam responder a um problema do campo. Temos hoje apenas 11% do território brasileiro coberto por tecnologia 4G. Para que a produção rural seja otimizada, é preciso conectividade. Procuramos ser neutros no que diz respeito aàtecnologia”, ressaltou.
Acompanhamento
Calvet explicou, ainda, que os projetos selecionados serão acompanhados de perto pela ABDI, que fornecerá a assistência necessária. “A ABDI vai ajudar nesse processo. Como nós estamos falando de tecnologias que não sabemos ainda como serão implementadas, vamos acompanhar. A ABDI tem expertise em desenvolvimento industrial. E indústria e agronegócio, hoje, andam juntas.”
O presidente da ABDI detalhou que, apesar de o foco ser em inovação, não se trata necessariamente de um processo de desenvolvimento de tecnologias. O foco está em encontrar aplicações para tecnologias já existentes em processos no campo. “Não queremos limitar o projeto a startups. Às vezes, grandes empresas podem oferecer soluções que se encaixem no que precisamos. Esse projeto visa, também, fazer integração da academia/universidade com o campo. Nos últimos 40 anos, cerca de 60% do valor agregado à agricultura foram por meio da tecnologia.”
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro