Nas últimas semanas, os brasileiros foram surpreendidos pela alta no preço de alimentos, sobretudo o arroz. A inflação no mês de agosto foi a maior desde 2016: 0,26%, segundo o Índice de Preços ao Investidor Amplo (IPCA). Diante deste cenário, os investimentos são diretamente afetados. Na renda fixa, por exemplo, o Tesouro IPCA tem rentabilidade que acompanha a variação da inflação. Desta forma, quem opta por esta modalidade tem seus recursos protegidos pelo aumento generalizado de preços, que resulta em uma desvalorização da moeda brasileira.
Mas há quem ainda prefira colocar seus recursos na poupança. O problema é que optar por ela pode significar ter o dinheiro "comido" pela inflação, uma vez que sua rentabilidade é tão baixa que não é nem mesmo considerada um investimento por muitos. Deixar dinheiro na poupança, em investimentos que rendem abaixo da inflação ou mesmo guardado em casa pode ser um erro grave.
É o que explica o educador financeiro Rudá Lins Ramos. Ele afirma que a alta da inflação já era algo esperado por grandes economistas. Porém, o que muitos investidores comuns não veem é no impacto aparentemente “invisível” a inflação pode trazer ao seu patrimônio.
Ele dá um exemplo: “Vamos supor que você coloca R$ 1.000 na poupança, rendendo 1,40% ao ano. Com a inflação com 4,31%, o valor que aparecerá no extrato após um ano será de R$1.000 + 1,4% = R$1.014. Já o valor real seria R$1.000 + 1,14% (rentabilidade poupança) - 4,31% (inflação) = R$968,30. Ou seja, em vez de render, o valor aplicado diminui”, afirma.
O especialista explica também que, no cenário atual, deve-se evitar os saques da parcelas emergenciais do FGTS. “É até estranho falar, mas para fins de investimento em renda fixa, é recomendado evitar. Porém, não podemos ignorar aqueles cidadãos que precisam pagar alguma conta ou dar entrada no apartamento. Ou até mesmo aqueles que já investem há um tempo e esse dinheiro irá compor a sua carteira a partir de algum ativo de renda variável”, específica.
O engenheiro civil Jurandir de Azevedo, morador de Recife, começou a investir em 2017 em renda fixa. Após dois anos aplicando em modalidades consideradas de baixo risco, resolveu ir para a renda variável. “Do ano passado para cá comecei a me aprofundar mais sobre as modalidades de renda variável e hoje tenho a maior parte do meu capital investido nela”, comemora.
Jurandir acredita que, em meio à turbulência econômica, há instabilidade, especialmente no caso da que renda variável, que costuma reagir de forma mais expressiva a variações. No entanto, ele vê o atual momento como fonte de oportunidades. "São nas maiores crises que aparecem as melhores oportunidades. Mesmo com as eventuais perdas por causa da volatilidade, o importante é ter uma estratégia bem definida, ter calma e diversificar a carteira de investimentos. É através da diversificação que a maioria das perdas são minimizadas", comenta o engenheiro.
*Estagiários sob supervisão de Vicente Nunes