A disparada do preço dos alimentos atingiu principalmente os itens básicos da mesa do brasileiros. Por isso, preparar uma refeição com arroz, feijão, salada e carne está 20% mais caro no Brasil. É o que aponta a pesquisa 'O Prato Feito do Brasileiro' da GfK, que foi apresentada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quarta-feira (09/09).
O estudo da GfK calcula quanto o brasileiro gasta para preparar o 'PF' (Prato Feito), com base no preço cobrado em supermercados de todo o país pelos itens básicos do prato feito. E o que a pesquisa constatou é que, hoje, é preciso gastar R$ 7,13 para fazer essa refeição no próprio domicílio.
O valor é 20% maior que o registrado em agosto do ano passado, quando o PF caseiro custava R$ 5,94, e também é 3,8% maior que o custo do PF no início da pandemia de covid-19: em fevereiro, esse valor era de R$ R$ 6,87.
Diretor da GfK, Fernando Baialuna explicou que este é o preço médio pago pelos brasileiros para comprar no mercado 100 gramas de arroz, 50 gramas de feijão, 100g gramas de batata, 1 unidade de ovo, 75 gramas de tomate e 150 gramas de carne . "Pode parecer pouco R$ 7,13 por um PF. Mas este é o preço de uma única refeição. Se pensar quantas pessoas tem em casa, quantas refeições são feitas por dia, por semana e por mês, no final, a despesa é significativa", avaliou.
A GfK explicou ainda que o custo do PF chegou a esse montante porque o feijão ficou 51% mais caro nos últimos 12 meses e 31% mais caro desde o início da pandemia. Já o arroz subiu 36% e 29%, respectivamente. Outra alta significativa foi da carne, que responde por 71,8% do custo do prato feito e subiu 23% desde o início da pandemia, quando se considera o preço da alcatra, do coxão mole e do patinho.
"Percebemos uma alta gradativa e consistente nos preços do prato feito. E essa alta acelerou nos últimos dois, três meses por conta de aumentos significativos na carne bovina, no arroz e no feijão, que estão subindo por conta da alta do dólar e do aumento das exportações, o que reduz a oferta no mercado interno", lembrou Baialuna.
A GfK destaca, contudo, que a alta foi ainda maior nas carnes de segunda, consumidas pelas classes mais baixas. Por isso, enquanto o PF subiu em média 3,8% na pandemia, o PF feito com carne de segunda subiu 11,7%, saindo de R$ 5,10 em fevereiro para R$ 5,70 em agosto. "O PF da carne de segunda subiu três vezes mais que o da carne de primeira. Isso mostra que a pressão de preços é maior sobre as classes de menor renda, que cada vez mais precisam procurar uma alternativa à carne bovina, como a carne de porco, o frango ou o ovo", comentou Baialuna.
Ainda segundo a GfK, o prato feito preparado com porco subiu 7,1% nesse período, de R$ 4,08 para R$ 4,37. O de frango subiu 2,2%, de R$ 3,02 para R$ 3,09. E o de ovo, 4,4%, de R$ 1,93 para R$ 2,01%.
O custo do PF foi apresentado pelo presidente da Abras, João Sanzovo, ao presidente Bolsonaro nesta quarta-feira. O intuito da Abras é mostrar que os preços dos alimentos subiram por conta de pressões externas e não por conta de práticas desleais, como a cobrança de preços abusivos, nos mercados. Afinal, recentemente, Bolsonaro pediu patriotismo dos supermercadistas e sugeriu que o setor trabalhasse com uma margem de lucro próxima de zero para evitar a alta excessiva de produtos básicos.