Para garantir a sustentabilidade das operações financiadas pelo sistema financeiro nacional, o Banco Central (BC) vai aprimorar a fiscalização do crédito rural. A ideia é criar um Bureau Verde que identifique o impacto ambiental dos empréstimos pedidos pelos produtores rurais. E, com isso, incentivar a realização de operações verdes com um aumento de até 20% do limite de crédito dos produtores considerados sustentáveis.
"Quem aderir a práticas sustentáveis e comprovar a adesão vai poder se beneficiar com o acesso ao crédito de maior volume. Isso é importante para qualificar as operações e cria um incentivo forte para migrar definitivamente para operações de crédito que estejam 100% alinhadas a questões de sustentabilidade", contou nesta terça-feira (08/09) o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso.
A ideia é ampliar em até 20% o limite atual de crédito dos produtores que atenderem os critérios de sustentabilidade que serão definidos nos próximos meses pelo BC, junto com a população. E, pelos cálculos da autoridade monetária, pode beneficiar cerca de 40% dos produtores rurais brasileiros a partir do próximo ano.
Bureau Verde
O aperfeiçoamento dos critérios do crédito rural é uma das vertentes da dimensão sustentabilidade da Agenda BC#, que foi lançada nesta terça-feira pelo Banco Central com o intuito de reforçar o comprometimento do sistema financeiro nacional com a preservação do meio ambiente. Presidente do BC, Roberto Campos Neto explicou que o compromisso com a sustentabilidade será fundamental para a atração de investimentos e a retomada econômica no pós-coronavírus e disse que uma das preocupações em relação a isso passa pelo desenvolvimento de uma agricultura limpa.
Nesse sentido, o BC vai criar um Bureau de Crédito Rural Verde. É um bureau que vai reunir as informações do crédito rural concedido pelos bancos brasileiros e definir se essas operações atendem critérios de sustentabilidade como a recuperação de pastagens e o uso de energia renovável. E, por isso, promete incentivar o crédito rural verde, mas também facilitar a certificação de práticas sustentáveis. O BC planeja criar até um selo de aderência aos critérios de sustentabilidade definidos, o que também pode favorecer a emissão de títulos verdes no Brasil.
Segundo Damaso, a medida vai atingir todo o universo do crédito rural, que hoje conta com cerca R$ 200 bilhões e de 2 milhões de operações por ano, até meados de 2022. E ainda pode proibir o financiamento de operações irregulares. O diretor do BC explicou que, ao receber um pedido de crédito rural, os bancos vão precisar consultar as informações do Bureau Verde. Se forem constatadas irregularidades, como a sobreposição da operação financiada com áreas de preservação ambiental ou terras indígenas, o financiamento não será autorizado. "Se houver sobreposição, vai ter uma trava e a operação vai poder ser realizada", alertou o diretor do BC.