Ao comentar a queda de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2020, na comparação com o primeiro trimestre do ano, divulgada nesta terça-feira (1º/9), o Ministério da Economia admitiu que os resultados "foram piores que o esperado" pela mediana das estimativas do mercado, de -9,2%. A pasta tentou minimizar o resultado ruim e o pior da história para o país e destacou que “a redução da atividade está entre as menores em relação às principais economias” que também tiveram impacto da pandemia de covid-19, inclusive, de países emergentes.
No documento divulgado pelo Ministério da Economia logo após os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o governo destacou que queda de 11,4% na comparação interanual foi menor do que a média dos países do G7, grupo das economias mais desenvolvidas do planeta, que registrou retração de 11,9% em relação ao mesmo trimestre de 2019. O G7 é composto por Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Reino Unido, Itália e Canadá. “Algo semelhante ocorre para os países emergentes como Chile, México e Índia foram de -13,7%, -19% e -23,9%, respectivamente”, destacou a nota da Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta.
As quedas do PIB brasileiro nas duas bases de comparação foram as piores da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. “Deve-se salientar que a queda da atividade neste trimestre deverá ser a mais severa da pandemia do novo coronavírus, uma vez que já é possível identificar sinais de recuperação nos meses posteriores”, destacou a nota técnica da SPE.
De acordo com a secretaria, os dados do IBGE mostram forte retração da atividade econômica e as “medidas de preservação de emprego e manutenção da renda limitaram a deterioração mais aguda da economia”. A nota ainda apontou retomada no terceiro trimestre do ano. “Os indicadores de mais alta frequência, diários e mensais, indicam que a atividade está se recuperando. Os resultados mais recentes têm levado os especialistas a revisarem suas projeções para uma recessão menor do que a projetada. No entanto, a recuperação pujante da economia só será possível com a retomada da agenda de reformas e consolidação fiscal. O diagnóstico do baixo crescimento da economia brasileira é a baixa produtividade, resultado da má alocação de recursos”, informou o documento.
A SPE destacou ainda que “não há outro caminho que resulte em elevação do bem-estar dos brasileiros a não ser medidas que busquem a correção da má alocação e incentive a expansão do setor privado” e destacou medidas de desregulamentação e de redução de custo em busca do aumento da produtividade. Foram citados como exemplos a lei aprovada pelo que atualiza o marco legal do saneamento, a proposta que modifica a Lei de Falências de 2005 e o projeto de lei do gás. A secretaria defendeu um projeto de lei que está em análise com regime de urgência na Câmara: o que cria o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, porque "pretende ampliar a oferta de serviços de cabotagem na costa marítima, elevando a participação do transporte aquaviário, consequentemente reduzindo o custo de transporte do país”.
A SPE estima queda de 4,7% do PIB em 2020 enquanto a mediana das estimativas do mercado está prevendo retração de 5,3%. Ontem, durante a apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, admitiu que uma nova estimativa das projeções macroeconômicas está sendo preparada pela pasta e “deverá ser anunciada ainda neste mês”.