Dívida pública

Endividamento do país só aumenta e atinge 88,8% do PIB

Dívida pública bruta cresce 2,88% em agosto, na comparação com julho, atingindo o pico de R$ 6,4 trilhões, de acordo com dados do Banco Central

Rosana Hessel
postado em 30/09/2020 10:30 / atualizado em 30/09/2020 12:35
Aumento do endividamento reflete necessidade de financiamento do governo contabilizada no deficit nominal do setor público consolidado -  (crédito: Leonardo Sá/Agência Senado)
Aumento do endividamento reflete necessidade de financiamento do governo contabilizada no deficit nominal do setor público consolidado - (crédito: Leonardo Sá/Agência Senado)

Enquanto o rombo das contas públicas é crescente no meio da recessão provocada pela pandemia de covid-19, o endividamento do governo geral cresce sem parar e atinge patamares cada vez mais elevados. Conforme dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira (30/09), a dívida pública bruta aumentou R$ 179 bilhões, ou 2,88%, entre julho e agosto, alcançando novo pico, de R$ 6,389 trilhões. Esse volume corresponde a 88,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e é o maior da série histórica do BC, iniciada em 2006.

A taxa está bem acima da média dos países emergentes estimada para este ano pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 62% do PIB. Esse alto patamar acendeu o sinal de alerta no mercado, com aumento das dúvidas sobre a capacidade do governo em conseguir fazer com que a dívida bruta fique, pelo menos, estável nos próximos anos. E, assim, não ultrapasse 100% do PIB, algo insustentável para países emergentes.

Conforme os dados do BC, o aumento do endividamento público reflete a necessidade de financiamento do governo contabilizada no deficit nominal do setor público consolidado, que alcançou R$ 933,5 bilhões – equivalentes a 13% do PIB, no acumulado em 12 meses até agosto. O resultado nominal do setor público consolidado inclui o deficit primário das contas públicas e a conta de juros da dívida. Em agosto, esse saldo ficou deficitário em R$ 121,9 bilhões. E, entre janeiro e agosto, o deficit nominal somou R$ 785,1 bilhões, o correspondente a 16,7% do PIB.

 

Rombo fiscal salta 2.497%

O deficit primário do setor público consolidado (que inclui os resultados dos governos federal e regionais, mais as estatais) ficou em R$ 87,6 bilhões em agosto. Nas contas do governo central e das estatais, houve déficits de R$ 96,5 bilhões e de R$219 milhões, respectivamente. Já os estados e municípios registraram superavit primário de R$ 9,1 bilhões, em grande parte devido aos repasses, pela União, de recursos para o combate à covid-19.

No acumulado do ano até agosto, o deficit primário do setor público consolidado somou R$ 571,4 bilhões, um salto de 2.497% sobre o deficit de R$ 22 bilhões no mesmo período de 2019. No acumulado em 12 meses, o rombo do setor público consolidado atingiu R$ 611,3 bilhões, o equivalente a 8,5% do PIB.

A conta de juros nominais do setor público consolidado, apropriados por competência, somaram R$ 34,3 bilhões em agosto, queda de 31,7% em relação aos R$ 50,2 bilhões computados no mesmo mês de 2019. Essa redução, segundo o BC, foi “influenciada pela evolução menos desfavorável do resultado das operações de swap cambial (perda de R$ 14,3 bilhões em agosto de 2020 e de R$ 24,5 bilhões em agosto de 2019) e pela redução da taxa básica de juros (Selic) no período, que está em 2% ao ano atualmente.

Nos últimos 12 meses, os juros nominais atingiram R$ 322,2 bilhões (4,48% do PIB), 7,7% inferior aos R$ 349,2 bilhões (4,91% do PIB) registrados no acumulado até agosto do ano anterior.

O BC informa, ainda, que a dívida líquida do setor público, descontada as reservas cambiais, alcançou R$ 4,367 trilhões em agosto, o equivalente a 60,7% do PIB, segundo maior patamar da série histórica, iniciada em 2001. Esse resultado refletiu, em especial, os impactos de deficit primário (aumento de 1,2 ponto percentual), dos juros nominais apropriados (aumento de 0,5 p.p.) e da desvalorização cambial de 5,2% (redução de 1,0 p.p.).

 

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