CONTAS PÚBLICAS

Rombo de R$ 96 bilhões em agosto

Vera Batista
postado em 29/09/2020 23:34 / atualizado em 29/09/2020 23:34

Somente em agosto de 2020, o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) apresentou um buraco nas contas de R$ 96,1 bilhões, o pior desempenho da série histórica, iniciada em 1997. E superior ao registrado no mês anterior, de R$ 87,8 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Economia. Os números refletem o aumento das despesas do Poder Executivo com medidas de combate à crise da covid-19. Com o número de agosto, o deficit acumulado no ano alcançou R$ 601,3 bilhões, ante um rombo de R$ 52,1 bilhões no mesmo período de 2019.
Em termos reais, a receita líquida cresceu R$ 5,6 bilhões (5,8%) no mês, enquanto a despesa total aumentou R$ 84,5 bilhões (74,3%), quando comparados a agosto de 2019. Em 12 meses até agosto, o governo central apresenta um deficit de R$ 647,8 bilhões — equivalente a 8,96% do Produto Interno Bruto (PIB).
O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, chamou a atenção para o desempenho da Previdência, que, em agosto, teve reforço de R$ 6,145 bilhões (18,2%) — avanço que não pode ser interpretado como tendência. “A melhora se deve ao fim do diferimento (adiamento) de impostos durante a pandemia”, explicou Funchal. No acumulado do ano, o deficit no INSS já chega a R$ 225,5 bilhões. De acordo com o Tesouro, somente a continuidade da agenda de reformas pode manter um ambiente econômico favorável para a atração de investimentos, com juros baixos, inflação controlada e crescimento sustentável da economia, itens fundamentais para o controle da dívida pública.
Na análise do economista Pedro Galdi, da Corretora Mirae, o governo está no limite do teto de gastos e vai ser difícil “apresentar números bonitos” por enquanto. “Os estragos da pandemia vão estar presentes por algum tempo”, afirmou. Segundo ele, é difícil prever resultados para o longo prazo. “O que se espera é que, a cada mês que passe, os dados venham melhores. A retomada da atividade, que já está mostrando aquecimento, deve ser mais firme em outubro e novembro. Mas a economia continuará fraca até 2021”, assinalou Galdi.

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